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Crias do Curro Velho desfilam pelas ruas do Telégrafo

Agremiação carnavalesca ligada ao Núcleo de Oficinas desfila pelas ruas do Telégrafo com enredo ambiental
Agremiação carnavalesca ligada ao Núcleo de Oficinas desfila pelas ruas do Telégrafo com enredo ambiental

Wal Sarges

Ainda em ritmo de carnaval, o Núcleo de Oficinas Curro Velho convoca os brincantes para entrarem na folia com um cortejo do Grêmio Recreativo Escola de Samba Crias do Curro Velho, neste sábado, 24, com concentração às 8h30, na Praça Brasil e saída às 9h. O trajeto passará por ruas do entorno e culminará no baile carnavalesco na chegada à sede do Curro Velho, no bairro do Telégrafo, em Belém.

As Crias do Curro Velho surgiram da necessidade de envolver a comunidade do entorno nas atividades desenvolvidas pela instituição, durante o Carnaval. O coordenador de iniciação artística do Curro Velho, Jorge Cunha, conta que a agremiação, inclusive, tem a mesma longevidade do Curro, que existe há 33 anos. “Os idealizadores perceberam que as atividades artísticas e culturais eram uma forma de envolver a comunidade. Com o tempo, a escola cresceu e hoje abrange pessoas de todos os lugares”.

O ciclo de carnaval do Curro Velho é composto por oficinas que abrangem pessoas nas faixas etárias de 6 a 22 anos. A expectativa é de que, nesta edição, 600 participantes se juntem à apresentação final.

“Tudo o que envolve as Crias do Curro Velho é dialogado com eles, desde o tema ao samba-enredo. As oficinas do ciclo de carnaval culminam com o desfile onde os alunos mostram as criações feitas por eles mesmos. Elas são abertas a toda e qualquer pessoa e em todas as faixas etárias, credos, orientações, com ou sem deficiência. Este ano, além da porta-bandeira usuária de cadeira de rodas, há destaque de carro, mas não significa que a gente faça inclusão apenas nessa ala. A escola toda tem pessoas com deficiência incluídas em diversas atividades”, explica Jorge, acrescentando que a ala da Inclusão já tem cerca de oito anos, desde que a instituição passou a oferecer oficinas de dança inclusiva.

Com o tema “Natureza, eco dos elementos e elementais”, o samba-enredo é pensado para suscitar uma reflexão, enfatiza Jorge. “Antes do desfile, a gente vai trabalhando o tema no dia a dia das oficinas. Este ano, tendo como ponto de partida a COP-30 e o meio ambiente, pensamos em falar sobre a natureza, que já recebeu outros recortes anteriormente. Desta vez, trazemos uma perspectiva sobre um dos ecos da natureza, mas não é um tema crítico e sim um manifesto poético, lúdico, uma reflexão criativa e artística, cênico e carnavalesca, onde a gente trata toda essa questão sobre qual é o meu papel na preservação ambiental”, argumenta Jorge.

Além da ala da Inclusão, o desfile também traz, entre outras, a ala Os Amigos do Curro Velho, contando com participantes da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae), além de pessoas ligadas ao projeto Ciência Ambiental do Museu Paraense Emílio Goeldi.

A pedagoga Elizabete Motta, 38, já é veterana no desfile há cinco anos. Ela sai na ala da Inclusão com a mãe, Edilena, e as duas filhas, Sthefane, de 16, que é cadeirante, e Alice, 5.

“A cada ano é uma emoção sair no bloco e viver isso junto com as minhas filhas. A Alice me acompanha desde que estava na barriga. Agora ela participa pela segunda vez. Quando a gente chega para brincar todas juntas, se sente mais viva e mais alegre. A Stefane também gosta, se diverte, ela socializa e gosta muito da coreografia. Quem a acompanha é a minha mãe, que interage bastante com ela. No meio da rua, a gente não vê o todo, mas quando consegue observar, percebe que as pessoas se emocionam ao ver que cadeirantes também têm seu espaço para se divertir. Teve uma vez, por exemplo, que a gente pegou chuva e alguém na rua se sensibilizou e nos deu uma sombrinha”, relata a brincante.

A dentista e bailarina Débora Cardoso, 46, é a porta-bandeira das Crias pelo segundo ano consecutivo. Ela faz parte da Companhia Do Nosso Jeito, de dança esportiva em cadeira de rodas.

“Fui convidada para participar e ser a primeira porta-bandeira cadeirante aqui do Pará. O Curro Velho trouxe essa proposta e foi muito bom, porque já é uma instituição que tem essa proposta da inclusão, com cursos voltados para as pessoas com deficiência e só faltava mesmo essa novidade no desfile em si. Estou muito feliz porque isso demonstra realmente incluir as pessoas. Mostram que podemos nos inserir no meio de tudo e fazer tudo”, enaltece.

Para a apresentação na rua, a dançarina conta que montou uma coreografia com seu partner, Robson Lopes. “Já tem mais ou menos um mês de ensaio. Tem uma coreografia que nós estamos ensaiando direitinho para poder mostrá-la na avenida”, conta a dançarina sem entregar os detalhes da apresentação.