Com o tema Sou Livre da Escravidão, a Fundação Pan-Americana para o Desenvolvimento (PADF) lança uma campanha de conscientização e combate ao trabalho análogo a escravidão no estado do Pará, com foco na região de Marabá, Itupiranga e Ulianópolis, no sudeste do estado. Com o objetivo de ajudar o público a reconhecer situações de exploração do trabalho semelhante ao de escravo, a campanha 360º, desenvolvida pela agência Repense, conta com inserções em TV aberta, spots em rádios, mídia Out-of-Home (OOH) e materiais impressos e digitais.
Entre 1995 e 2023, o Estado do Pará registrou o resgate de 8.971 pessoas em situações de exploração na pecuária. O desmatamento associado à pecuária clandestina frequentemente envolve a exploração de trabalhadores, principalmente homens jovens, pretos e pardos, de baixa escolaridade, trabalhadores domésticos ou migrantes internos. A PADF, por meio do Programa Trabalho Justo, realiza ações de prevenção e apoia a implementação da Clínica de Combate ao Trabalho Escravo da UFPA, visando ampliar a formação e o atendimento a trabalhadores vulneráveis no estado do Pará.
“A campanha Sou Livre da Escravidão tem o objetivo de conscientizar trabalhadores e trabalhadoras rurais sobre seus direitos. O Pará tem um desafio grande em relação ao desmatamento e o governo tem feito todos os esforços para combater o desmatamento ilegal e zerá-lo até a COP-30. A campanha é um convite a todas as pessoas e atores interessados a igualmente se comprometer com a promoção do trabalho decente nas fazendas de pecuária do estado e ter uma cadeia produtiva livre não somente do desmatamento, mas também do trabalho escravo” afirma Irina Bacci, diretora técnica do programa no Brasil.
Desenvolvida pela agência Repense, a campanha de comunicação busca conscientizar o público para identificar situações de trabalho análogo à escravidão e incentivar o uso de canais oficiais de denúncia, como o Disque 100, serviço disponibilizado pelo Ministério de Direitos Humanos e Cidadania. O filme de 30”, concebido para TV aberta e veiculação no digital, aborda funções específicas de trabalhadores rurais, que muitas vezes vivem condições de trabalho forçado, jornada exaustiva, servidão por dívidas e condições degradantes. Assista ao filme aqui.
Além do filme, a campanha abrange spots de rádio, mídia OOH e diversos materiais impressos e digitais, todos elaborados a partir de entrevistas com trabalhadores rurais, incorporando suas vivências na iniciativa. Nas imagens veiculadas nas peças publicitárias, são destacadas funções específicas desses trabalhadores nas fazendas, como o Vaqueiro, que desempenha um papel direto na lida com o gado, o Motoqueiro, responsável pela operação da motosserra na derrubada de árvores, e a Severina, mulher frequentemente encarregada das tarefas domésticas. Essa abordagem visa oferecer uma representação autêntica e impactante das realidades enfrentadas por esses profissionais.
“Na maioria das vezes, o trabalhador vulnerável ao trabalho em condições análogas à escravidão é levado a acreditar que não existe saída, a não ser suportar essa situação. Nossa campanha vem mostrar que uma outra vida, com direitos e dignidade respeitados, é possível. Nos testes que fizemos, as pessoas se identificavam com os personagens retratados na campanha, vislumbravam um futuro melhor e queriam saber mais sobre os canais de denúncia, o que reforça que informação e conscientização são essenciais no caminho para um Brasil livre da escravidão” conta Bruno Pimentel, Head de Criação da Repense.
Para amplificar o debate, a campanha foi lançada oficialmente em uma coletiva de imprensa com a presença da Secretaria de Estado de Igualdade Racial e Direitos Humanos (SEIRDH), do Ministério Público do Trabalho e da Clínica de Combate ao Trabalho Escravo e do Instituto de Ciências Jurídicas da Universidade Federal do Pará (UFPA). Além disso, outras organizações também participaram da coletiva, incluindo a Comissão Pastoral da Terra (CPT) e SODIREITOS, com atuação na região. A campanha é financiada pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos como parte das ações da PADF no Pará.
Créditos
Com informações da Agência Maindi
Foto: Divulgação