Dr. Responde

Em menos de um ano, Santa Casa realiza mais um transplante de fígado com sucesso

Após aguardar, desde 2022, na fila de transplantes, a professora aposentada de 64 anos, Ana Cristina Pereira Nunes Pinto finalmente recebeu o tão esperado transplante de fígado na Santa Casa,
Após aguardar, desde 2022, na fila de transplantes, a professora aposentada de 64 anos, Ana Cristina Pereira Nunes Pinto finalmente recebeu o tão esperado transplante de fígado na Santa Casa,

Após aguardar, desde 2022, na fila de transplantes, a professora aposentada de 64 anos, Ana Cristina Pereira Nunes Pinto finalmente recebeu o tão esperado transplante de fígado na Santa Casa, encaminhada pelo hospital Barros Barreto. A aposentada, que é moradora de Belém, comemora o sucesso da cirurgia.

A Santa realiza os transplantes hepáticos desde o final de fevereiro de 2023.

Casada e mãe de três filhos, Ana Cristina foi submetida ao procedimento cirúrgico agora em 2024 e, passa a aguardar pela alta hospitalar e poder celebrar o momento em família. Ela foi diagnosticada com cirrose e durante esse período até seu transplante, cumpriu à risca o seu tratamento de controle do avanço da doença. Até que no último final de semana de fevereiro, ela foi avisada que receberia um órgão captado em Belém.

“A minha cirurgia foi ótima. Estava na fila do transplante há dois anos. A doação desse órgão tem um significado especial que é salvar uma vida. Sair daquela fila de espera, passar por um processo com uso de muitos medicamentos, muita agonia, muito nervosismo. É o que vivi durante esses anos. Não conseguia dormir. É agoniante. Agradeço a família do doador e a equipe da Santa Casa do Pará, desde o ambulatório até a enfermaria, são excelentes profissionais e também muito atenciosos”, destaca a paciente.

A Santa realiza os transplantes hepáticos desde o final de fevereiro de 2023.

Antônio José Pinto Júnior, filho da paciente, comenta sobre o transplante da mãe. “Há anos que a saúde de minha mãe vinha se deteriorando. A alimentação cada vez mais regrada, as saídas dela cada vez mais limitadas. E no auge do coronavírus a nossa preocupação redobrou por conta da imunidade dela, mas graças a Deus ela teve a oportunidade de ter uma família com a consciência da importância de doar um órgão para que continue em outras pessoas”.

“Nós sabemos que é um momento de perda. É um momento de dificuldade para a família do doador, mas quando se tem esse gesto de amor, você consegue levar alegria e amor para outra família que é algo indescritível. Então eu queria agradecer a essa família. Somos muito gratos a esse gesto de amor de doação desse órgão. E aproveito e faço um apelo para a importância de doação de órgãos. Muitas pessoas estão precisando em um leito e UTIs dos hospitais, e esse é um ato de dar vida às outras pessoas”, reforça o filho de Ana Cristina.
O médico cirurgião Rafael Garcia, responsável técnico da equipe de transplante de fígado da Santa Casa, destaca que a realização de transplantes hepáticos no hospital é fundamental. “Foi o nosso primeiro caso este ano. Depois de quase nove meses sem ter nenhum transplante, por conta de doadores, e os poucos que tiveram não foram compatíveis com quem a gente tinha em fila. E aí, no último domingo, teve essa oferta do hospital Abelardo Santos, captado pela Central Estadual de Transplantes (CET).”

“Nós tivemos algumas complicações técnicas no caso da paciente. Mesmo assim, foi um transplante muito tranquilo. A cirurgia durou seis horas e meia, ela saiu super bem. Ela tomou uma bolsa de sangue só. E a gente já viu o funcionamento do fígado já no intra-operatório. Esse caso especificamente é uma vitória muito grande e foi o primeiro caso sem a tutoria do hospital Albert Einstein que encerrou no final de 2023”.

100% DA SANTA CASA
O cirurgião destaca que o procedimento realizado em Ana Cristina é 100% da Santa Casa. “É um outro marco aqui para gente, muito perto de ter um ano do primeiro caso que aconteceu dia 26 de fevereiro de 2023, e a gente espera que tenha mais doações para podermos tirar outros doentes da fila. Nesse período, essa foi a quinta cirurgia”.

“O transplante realizado na professora envolveu dezenas de profissionais, entre a retirada do fígado doado e o transplante em si. Doutor Rafael destaca que contando com todo mundo que é mobilizado desde a véspera, mais de 50 profissionais. Desde a regulação, a portaria, até o CTI que recebe ela depois, o banco de sangue, o laboratório, o centro cirúrgico. São muitos profissionais de várias categorias.

Bruno Mendes Carmona, presidente da Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará, disse que desde o ano de 2019 já existia uma demanda do Governo do Estado, via Sespa, como definição de política de saúde pública, para que a Santa Casa fosse referência em transplante hepático.

“Desde 2019 o governo do Estado vem fazendo investimentos na Santa Casa, e isso nos permitiu a criação de mais 11 leitos de enfermaria para atendimento hepático. Além disso, nós equipamos o Hospital com aparelhos técnico-hospitalares e de laboratório. Com a implantação do transplante de fígado no Estado, nós passamos a não ter mais a necessidade de mandar os pacientes para realizar seus tratamentos fora de seus domicílios em outros Estados. Dessa forma, nós iremos conseguir tratar todas as doenças desse paciente do início até o momento do transplante”, destaca Bruno Carmona.

DOAÇÃO DE ÓRGÃOS


Estima-se que aproximadamente 50 mil pessoas precisam de um transplante de órgãos no Brasil. Mas, para que mais transplantes aconteçam, é necessário que mais famílias autorizem as doações quando há a comprovação de morte encefálica. Um doador de órgãos pode salvar até nove vidas, com a doação dos rins, fígado, coração, pulmões, pâncreas e intestino.

A Santa Casa do Pará realiza, além do transplante de fígado, o transplante renal pediátrico desde 2019. Ao todo, 23 crianças e adolescentes já foram transplantados desde então. Cerca de 40 pacientes renais pediátricos ainda esperam na fila de transplante de rim no hospital e mais de 11 pacientes hepáticos ta,bém, aguardam pelo transplante, além de outros em preparação para irem para a fila.

Segundo o doutor Rafael “se tivesse doação suficiente, a gente poderia ter essa fila zero”. “Aqui na região norte os índices de doação são muito baixos em relação ao restante do país. E sem doação não tem o transplante. Não tem motivo a gente ter tudo o que tem aqui de equipe, de material, equipamento. Investimento alto, mas se não tem a doação, fica difícil. A gente só consegue funcionar se houver a doação”.

“Só há transplante com doação e doação só acontece no Brasil se a família autoriza a retirada do órgão. Mas, para isso, as pessoas precisam falar e demonstrar o interesse de ser um doador ainda em vida. Aceitar a doação é um gesto muito nobre. De certa forma, a vida continua, seja no fígado, no rim ou nas córneas de alguém”, conclui Rafael Garcia.