Tylon Maués
A delegação azulina deixa Belém rumo a Rondônia. Na terça-feira, dia 20, Clube do Remo e Porto Velho-RO se enfrentam em jogo único válido pela primeira fase da Copa do Brasil. É a partida mais importante do time até aqui na temporada. São R$ 750 mil de cota de participação e mais R$ 950 mil em caso de passagem de fase. O Leão joga pelo empate e por uma vitória para seguir na competição e a pressão é grande. A equipe vive um momento de DR com a torcida, que não aprovou as atuações no ano até aqui. Principal responsável pela montagem do elenco de 2024, o executivo de futebol Sérgio Papellin sabe dessa impaciência, inclusive por ter trabalhado no Baenão anos atrás. Em entrevista exclusiva ao Bola, ele fala sobre esse começo de ano do Remo, da expectativa gerada com a montagem do elenco e garante ter confiança no trabalho que vem sendo feito no Evandro Almeida.
P – Boa parte da torcida ficou incomodada com a atuação do Remo no clássico com o Paysandu. No dia seguinte foi anunciado um reforço. O quanto esse jogo mais difícil nesse começo de temporada serve como parâmetro para avaliar o elenco?
R – Sem dúvida alguma, o jogo com o Paysandu é o mais difícil, sempre. Por ser um clássico e enfrentar um adversário que hoje está na Série B do Campeonato Brasileiro. Então, nós não fizemos um bom primeiro tempo, mas recuperamos bem no segundo tempo. E eu sei que o torcedor quer sempre ganhar, mas infelizmente não conseguimos. Nós tivemos uma oportunidade, tivemos chance de gol no jogo. Mas não muda em nada o nosso planejamento. A gente sabe que o começo da temporada sempre é muito difícil e foi apenas nosso terceiro jogo na competição. A confiança continua alta. Eu acredito que vamos fazer uma grande temporada. A contratação do Matheus (Anjos), por coincidência, foi no dia seguinte, mas a gente vinha conversando há muito tempo com o empresário e só conseguimos fechar essa negociação depois, mas não foi pelo jogo com o Paysandu. Era um atleta que a gente estava buscando há dias, e infelizmente teve uma dificuldade na negociação, que só foi destravada na segunda-feira após o clássico.
P – O clube já fez uma quantidade considerável de contratações. Mas, no planejamento azulino, haverá mais uma leva de contratações ou serão situações pontuais que o mercado proporcionará?
R – O campeonato estadual serve para avaliar o desempenho de alguns atletas, aqueles que não corresponderem ao que nós queremos nós vamos repor, mas serão contratações pontuais, dentro daquelas peças que não se encaixaram no perfil que nós buscávamos. Quando você contrata tem que ver um jogador em campo para ver como é que vai ser o comportamento dele. Às vezes, um atleta vai bem em outra equipe e chega aqui e não produz o mesmo que a gente esperava. Então, nesses casos, a tendência é buscar peças no mercado para repor, mas serão contratações pontuais, não como nesta temporada em que o elenco praticamente tinha se desfeito. Agora serão poucas peças para poder chegar longe.
P – Com seus contatos dentro do futebol brasileiro, o nível das contratações feitas pelo Remo em 2024 pegou muitos de surpresa e chamou a atenção dos concorrentes?
R – Chamou atenção sim, pelo nível das contratações. Muita gente na Série C não tem essa condição de ter esse orçamento e de reforçar a equipe. Mas sabemos que será uma competição muito difícil e a ideia nossa era montar uma base forte para quando chegar no Brasileirão essa equipe já estará mais entrosada, já estará mais unida para que a gente possa ter uma grande competição. Mas, assim, chamou muita atenção no mercado porque os jogadores que nós contratamos tinham mercado até na Série B, então isso chama a atenção do meio do futebol, dos empresários, dos dirigentes, mas é uma coisa que a diretoria do Remo tem feito um esforço grande para poder dar essa condição de trabalho.
P – Justamente esse nível de contratações fez com que outros clubes e empresários aumentassem as pedidas pelo Remo? Aumentou também as ofertas de jogadores ao clube?
R – Muitos empresários veem que o Remo é um forte candidato para o acesso esse ano. Então, com jogadores que não tem um mercado na Série A, dentro até da Série B, ficam com mais chances de vir para o Remo por causa do nível de investimento que nós estamos fazendo. Agora, nós temos também que ter essa tranquilidade, essa consciência do que estamos fazendo, para não cair no desespero do torcedor, da imprensa, de achar que no começo do ano quem não acertar vai passar o ano sem acertar, entendeu? Nós temos que ter essa convicção e contar também com a paciência do nosso torcedor. O torcedor quer ganhar e uma exibição de gala, que ganhe sem sofrer pressão do adversário, ter o controle do jogo, mas só com o tempo que nós vamos conseguir melhorar a nossa produção.
P – O seu retorno ao Baenão e o nível de contratações aumentou substancialmente a expectativa da torcida. Tens sentido isso no dia a dia aqui em Belém?
R – Quanto a isso aí não resta dúvida. Acabei de sair de uma Série A, de uma equipe estabilizada em competições sul-americanas, para vir para o Remo, eu só viria se realmente achasse que fosse um projeto vitorioso. Então, a gente sente isso do torcedor, e ele pode ter certeza que nós vamos conseguir nosso objetivo no final do ano.
P – Ceará e Fortaleza uniram forças para ajudar no campeonato estadual, o que teve reflexo positivo para eles mesmos. Você vê alguma perspectiva de isso vir a acontecer no Pará, dada a rivalidade entre Papão e Leão?
R – O presidente do Fortaleza e o presidente do Ceará têm uma relação muito boa fora de campo. Eles sempre pensam em beneficiar suas equipes. Nunca pensam em sair levando vantagem, eles pensam no bem dos dois clubes. Tanto que tem patrocínios que eram comuns nas duas equipes, mesmo com um na primeira e outro na segunda divisão. A rivalidade tem que ter, mas com o torcedor. Fora de campo tem que ter essa harmonia, essa inteligência de negociações, de se trocar ideia, de procurar a melhor do clube. O futebol hoje é um esporte muito caro, né? Então, para isso tem que ter grandes receitas para ter condições de se estruturar e isso tem acontecido no futebol cearense.