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Brasil doará recursos para agência da ONU de refugiados palestinos

Brasil doará recursos para agência da ONU de refugiados palestinos Brasil doará recursos para agência da ONU de refugiados palestinos Brasil doará recursos para agência da ONU de refugiados palestinos Brasil doará recursos para agência da ONU de refugiados palestinos
Presidente Lula encontrou com o ditador egípcio Abdel Fattah al-Sisi e anunciou a doação de recursos

FOTO: RICARDO STUCKERT
Presidente Lula encontrou com o ditador egípcio Abdel Fattah al-Sisi e anunciou a doação de recursos FOTO: RICARDO STUCKERT

Renato Machado/Folhapress

 

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta quinta-feira (15), em discurso no Cairo, que o Brasil vai realizar uma doação para a agência da ONU voltada para refugiados palestinos (UNRWA, na sigla em inglês). A entidade está sob investigação após acusação de Israel de que alguns de seus integrantes supostamente teriam vínculos com o Hamas e participaram dos ataques do 7 de Outubro. Por isso, mais de dez nações, a maior parte europeias, cortaram o financiamento.

“Meu governo fará um novo aporte de recursos para a UNRWA, e exortamos todos os países a manter e reforçar suas contribuições”, afirmou o presidente, sem detalhar o valor e dizer quando será feita a contribuição.

No site da UNRWA, a planilha de doações de 2022 mostra que o Brasil contribuiu com apenas US$ 75 mil para a agência, um percentual insignificante (menos de 0,01%) diante do total de US$ 1,17 bilhão recebido naquele ano. Estados Unidos, Alemanha e União Europeia são os maiores doadores; juntos, destinaram mais da metade dos recursos à disposição da UNRWA.

“No momento em que o povo palestino mais precisa de apoio, os países ricos decidem cortar a ajuda humanitária à Agência da ONU para os Refugiados da Palestina. As recentes denúncias contra funcionários da agência precisam ser devidamente investigadas, mas não podem paralisá-la”, afirmou Lula.

Na sequência, ele acrescentou que refugiados em outros países, como Jordânia, Síria e Líbano, também ficarão desamparados sem os recursos. “É preciso pôr fim a essa desumanidade e covardia. Basta de punição coletiva.”

A fala de Lula ocorreu na sede da Liga Árabe. O presidente participou de uma sessão plenária extraordinária da organização, onde discursou para representantes dos países-membros.

O discurso era um dos momentos mais aguardados da viagem do presidente ao continente africano. Ele já havia falado na tribuna da Liga Árabe em dezembro de 2003, durante o seu primeiro mandato. Antes de discursar, Lula teve uma reunião reservada com o secretário-geral da organização, Ahmed Abul Gheit.

Na sessão plenária, o brasileiro voltou a criticar Israel por suas ações no conflito com o grupo terrorista Hamas. Tel Aviv está na iminência de uma operação terrestre em Rafah, cidade ao sul de Gaza que faz fronteira com o Egito.

“Operações terrestres na já superlotada região de Rafah prenunciam novas calamidades e contrariam o espírito das medidas cautelares da Corte [Internacional de Justiça]. É urgente parar com a matança. A posição do Brasil é clara: não haverá paz enquanto não houver um Estado palestino dentro de fronteiras mutuamente acordas e internacionalmente reconhecidas, que inclui a Faixa de Gaza e Cisjordânia, tendo Jerusalém Oriental como sua capital”, afirmou Lula.

Segundo o presidente, “o ataque do Hamas de 7 de outubro contra civis israelenses é indefensável e mereceu veemente condenação do Brasil”. Acrescentou, porém, que a “reação desproporcional e indiscriminada de Israel é inadmissível e constitui um dos mais trágicos episódios deste longo conflito”.

A Liga Árabe, fundada em 1945, é composta pela Palestina e por 21 países: Arábia Saudita, Argélia, Bahrein, Qatar, Comores, Djibuti, Egito, Emirados Árabes Unidos, Iêmen, Iraque, Jordânia, Kuwait, Líbano, Líbia, Marrocos, Mauritânia, Omã, Síria, Somália, Sudão e Tunísia.