Seu bolso

'Inseparáveis', arroz e feijão estão juntos também nos reajustes

As mais recentes pesquisas do Dieese apontam para mais aumentos de preços dos dois alimentos ainda neste mês de fevereiro. Foto: Octavio Cardoso / Diário do Pará
As mais recentes pesquisas do Dieese apontam para mais aumentos de preços dos dois alimentos ainda neste mês de fevereiro. Foto: Octavio Cardoso / Diário do Pará

Ana Laura Costa

Uma pesquisa realizada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese/PA), no mês passado, constatou que muitos alimentos que compõem a cesta básica dos paraenses ficaram mais caros, com destaque para a dupla inseparável feijão e arroz. O feijão ficou 18% mais caro e o arroz também encareceu e acumulou alta de 15,24% no mês de janeiro, em relação ao mês de dezembro do ano passado.

As mais recentes pesquisas do Dieese apontam para mais aumentos de preços dos dois alimentos ainda neste mês de fevereiro.

A trajetória de preços do feijão nos últimos 12 meses, por exemplo, foi a seguinte: em janeiro de 2023, o kg do produto foi comercializado a R$9,62, encerrou o mês de dezembro do mesmo ano custando R$6,68 e no mês passado foi vendido em média a R$7,87. Assim, o feijão ficou quase 18% mais caro neste início de ano, mas no balanço comparativo dos últimos 12 meses, ainda acumula queda de 18,19%.

Já o arroz, no mês de janeiro do ano passado, foi comercializado em média a R$5,61, encerrou dezembro de 2023 custando R$6,17 e, no mês passado, foi comercializado em média a R$7,11. Com isso, o produto ficou mais caro e acumulou alta de 15,24% neste início de ano em relação a dezembro do ano passado e, no comparativo de janeiro de 2023 a janeiro deste ano, acumulou alta de 26,74%.%.

Segundo Everson Costa, supervisor técnico do Dieese-PA, o que explica as altas constantes nos preços desses dois alimentos é o grau de dependência de outros estados para o fornecimento dos alimentos. E, para mudar isso, precisa-se de uma política de produção de alimentos e pesquisa, principalmente no que diz respeito aos grãos, para alcance a nível industrial a fim de atender o Estado e fora dele.

“E mais do que isso, a gente precisa de incentivo a quem produz arroz e feijão. Isso está na mão da agricultura familiar. Eles (arroz e feijão) entram nas grandes produções quando você faz rotação de cultura”, explica.

Sobre as difíceis quedas de preço, de forma expressiva, tanto do arroz quanto do feijão, Everson explica primeiro que, sobretudo no caso do feijão, deve-se levar em conta a quebra de produção, ou seja, as fortes variações climáticas e que diminui a quantidade disponível do grão no mercado interno.

“Então, na medida em que você tem uma demanda gigantesca por arroz e o feijão, em todo o Brasil, mas essa demanda não consegue ser suprida por aquilo que foi produzido, e ainda tem a pressão no mercado externo que paga mais e melhor para levar o grão, adivinha o que acontece com quem está no varejo? Paga mais caro porque é um produto que, neste momento, está em menor quantidade, com uma demanda maior e uma oferta, para cá, menor”, disse.

O QUE FAZER?

A psicóloga Ana Carolina Teixeira, 33, conta que, por mês, gasta mais de um salário mínimo nas despesas com alimentação, cerca de R$1.600 reais. No entanto, mesmo pesando no bolso, ela não abre mão das marcas de arroz e feijão que consome. “A gente preza por qualidade, então costumamos manter as marcas que consumimos, mas compramos sempre em dois supermercados, onde os preços são melhores”, destaca.

Já Elizabeth Suzuki, de 71 anos, confessa que tem trocado de marca para manter o equilíbrio nas contas, já que as compras para a casa são realizadas semanalmente. “Tento manter o equilíbrio entre preço e qualidade, então costumo pesquisar. Mas tem sim, pesado no bolso”, disse.