SÃO PAULO, 08 (AG) – Estudo feito pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) afirma que os cigarros eletrônicos, popularmente conhecidos como vapes, aumentam em 1,79 vez a probabilidade de infarto.
Ainda de acordo com estudos analisados pela SBC, os dispositivos eletrônicos para fumar (DEFs) também impactam na incidência de aterosclerose em seus usuários.
Segundo os pesquisadores, os vários componentes químicos, como nicotina, propilenoglicol, metais pesados e aromatizantes que estão presentes nos cigarros eletrônicos induzem aterosclerose, doença inflamatória crônica de origem multifatorial, causada pelo acúmulo de gordura (lipídios) e consequente inflamação da parede dos vasos, que pode ampliar significativamente a ocorrência de doenças como o acidente vascular cerebral (AVC).
A sociedade médica diz ainda que quase 3 milhões de brasileiros fazem uso regular dos DEFs, mesmo que a venda e a comercialização destes produtos sejam proibidas no país desde 2009. Eles são facilmente encontrados no mercado paralelo.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) lançou uma consulta pública sobre a manutenção da proibição dos DFEs. Após 4 meses e mais de 7 mil manifestações de participantes, a discussão proposta pela consulta pública se encerra hoje.
– A alegação apresentada pela indústria do tabaco de que os DEFs são uma alternativa de menor risco à saúde para substituir os cigarros convencionais não são comprovadas por evidências científicas. Pelo contrário, estudos indicaram que jovens que fazem uso de cigarros eletrônicos têm menor propensão a cessar o tabagismo – afirma o documento assinado por membros da SBC.
A sociedade médica também explica que adultos fumantes que recorrem aos DEFs ou vapes exibem uma notável inclinação para a dupla utilização, que envolve cigarros tanto eletrônicos quanto regulares, o que aumenta os riscos à saúde.
– A presença de nicotina nos dispositivos está vinculada a aumento da frequência cardíaca, elevação da pressão arterial e intensificação do estresse oxidativo – pontua o documento.
A SBC ainda escreveu em seu posicionamento dez razões para manter a proibição de cigarros eletrônicos no Brasil. Confira:
1. Evidências insuficientes de redução de danos entre fumantes;
2. O cigarro eletrônico não tem combustão, mas existem substâncias distintas daquelas do cigarro convencional, muitas com efeitos desconhecidos na saúde;
3. Vape é um novo fator de risco para as doenças cardiovasculares;
4. Prejuízos à saúde pública;
5. Descumprimento das obrigações internacionais assumidas pelo Brasil quanto ao controle do tabaco;
6. Desafios no cumprimento de medidas de regulação;
7. Recursos humanos e financeiros destinados ao controle do tabaco em risco;
8. Diferença econômica e riscos na comparação entre Brasil e outros países apresentada na argumentação da indústria dos DEFs;
9. Proliferação dos DEFs entre jovens e não fumantes (consumo por adolescentes é até três vezes maior onde a comercialização é permitida);
10. Princípio da precaução: diante das evidências disponíveis e considerando a natureza dos riscos vinculados ao uso, “torna-se imperativo manter sua proibição no Brasil”.
Texto de: Eduardo f. Filho