Tylon Maués
O empate sem gols com o arquirrival, no último domingo, resultou em uma enxurrada de críticas de parte da torcida remista, em especial pelo que consideraram uma falta de criatividade do Remo. A lua-de-mel então existente por causa de duas vitórias nas rodadas inaugurais tornou-se um período de leve desconfiança.
O técnico Ricardo Catalá voltou a falar sobre um período inicial de preparação do time, assim como também comentou sobre uma pressão alheia à que já existe no dia a dia de um clube de massa, a da “cultura do cancelamento” vinda, quase que exclusivamente, das redes sociais e a repercussão que ela tem na vida dos atletas.
“Hoje existe uma vertente de julgar. Os caras são julgados sempre. O julgamento é cruel porque hoje todo mundo tem voz, porque todo mundo tem um smartphone, todo mundo tem a possibilidade de manifestar sua opinião na rede social. A gente vive um tempo de destilar ódio. E aí tudo isso tem um impacto”, explicou o treinador azulino na entrevista coletiva após o clássico de domingo, exemplificando como isso influencia na mente dos atletas.
“Eu nunca joguei um jogo desse tamanho, ou nunca participei desse clássico. Isso acontece com muitos jogadores. Eles pensam que se cometerem um erro que for crucial para a equipe ele pode ser detonado. Ele tem filho na escola, ele tem uma esposa que não vai poder ir ao supermercado. Então tudo isso passa na cabeça do cara. É inevitável”, completou Catalá.
De acordo com o treinador, se houver a oportunidade de outros clássicos serem disputados em 2024, os jogadores do elenco do Remo provavelmente estarão melhor preparados e, com isso, mais seguros daquilo que eles vão encontrar ali dentro porque já vivenciaram isso. Quando perguntado se incomoda o fato de não ter vencido um clássico ainda, sem sequer com um gol azulino nos dois Re-Pas em que esteve no banco do Leão Azul, Catalá foi enfático ao afirmar que questionamentos como esse alimentam o discurso dos que apenas destilam ódio pelas redes.
“Não existem três clubes grandes aqui no estado. Existem dois, Remo e Paysandu. E as disputas são entre eles. Eu estou treinador no Remo e ele (Hélio dos Anjos) está treinador no Paysandu. Quem vence ou quem perde é o Remo ou o Paysandu. Então, eu acho que personalizar não faz sentido nenhum, não ajuda em nada. Pelo contrário, é só mais um alimento pra esse ódio que é destilado por aí. E acho que não faz sentido que a gente caminhe nessa direção”.