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Câmara aprova versão desidratada da 'lei ônibus' de Milei na Argentina

Câmara aprova versão desidratada da 'lei ônibus' de Milei na Argentina
Câmara aprova versão desidratada da 'lei ônibus' de Milei na Argentina

JÚLIA BARBON

BUENOS AIRES, ARGENTINA (FOLHAPRESS) – Depois de três dias e mais de 30 horas de debate, a Câmara dos Deputados da Argentina enfim aprovou o pacote de reformas liberais de Javier Milei. Foi o primeiro teste de apoio ao presidente recém-empossado, que terminou com uma vitória parcial, já que seu projeto original sofreu cortes significativos.

O texto foi votado em geral e recebeu 144 votos a favor e 109 contra. Agora, a partir da próxima terça-feira (6), os legisladores vão discutir artigo por artigo até chegar à redação final, que então será enviada às comissões e depois ao plenário do Senado.

Do lado de fora do Congresso Nacional, no centro de Buenos Aires, o debate foi marcado por protestos que terminaram com dezenas de feridos entre quarta (31) e quinta-feira (1º), entre eles 32 jornalistas e 7 policiais, diante de um novo “protocolo antipiquetes” que prevê tolerância zero com o bloqueio de ruas.

Já do lado de dentro, o texto passou por três semanas de intensas negociações e fortes embates entre os deputados no plenário. Isso porque Milei tem apenas uma pequena minoria no Congresso e depende da chamada “oposição dialoguista”, composta por partidos de direita, centro-direita e centro.

A apelidada “lei ônibus”, também chamada pelo governo de “Lei de Bases e Pontos de Partida para a Liberdade dos Argentinos”, é uma das principais apostas de Milei para reequilibrar as contas e abrir caminho para privatizações. Ele, porém, é cobrado por não ter apresentado um plano concreto de estabilização até agora.

O projeto aprovado manteve menos de 400 dos 664 artigos propostos pelo governo. Milei tentou ditar o ritmo do Legislativo, convocando sessões extraordinárias até 31 de janeiro, mas já teve que estender o prazo até 15 de fevereiro e provavelmente terá que adiá-lo novamente.