Wal Sarges
Lugar de experimentação e de criatividade, a Associação Fotoativa completa 40 anos este ano e celebra a data com uma série de programações durante este período. Entre elas, o lançamento do selo da instituição, criado pelo designer Eli Sumida, o mesmo responsável pela placa antiga. Abrindo as comemorações, a arte foi apresentada ontem à imprensa, com a presença de vários profissionais com história relacionada a este lugar.
A persistência do fotógrafo Miguel Chikaoka, 73 anos, se mantém pelas paredes da Fotoativa, em traços e instalações artísticas. Natural de São Paulo, ele mora em Belém desde 1980, onde iniciou um movimento em torno do ato de fazer e pensar de forma coletiva a fotografia.
Desse percurso, junto a diversos nomes, surgiu a Fotoativa, cuja trajetória é reconhecida internacionalmente como referência no desenvolvimento da cultura fotográfica na região. No entanto, o espaço nunca foi restrito a pessoas da área, mas é berço para artistas e interessados em geral, enfatiza ele.
“É uma grande vitória da coletividade, sobretudo, porque eu iniciei o processo, mas nada teria acontecido se não tivesse esse envolvimento, até muito mais pelo campo afetivo e do pensamento, da reflexão, da crítica e da prática. Sinto-me satisfeito, feliz, mas acho que esse é o percurso de qualquer organização que se faz pelo coletivo, pelas diferenças e pelo respeito. Penso que essa diversidade, diferentes perfis de pessoas que se reúnem, talvez seja o maior patrimônio [da Fotoativa] – que não é meu, simplesmente lancei a pétala e continua até hoje”, destaca Miguel Chikaoka.
A galerista e produtora cultural Makiko Akao também tem um relacionamento bem estreito com a Fotoativa. “A gente acompanhou a passagem de gerações. O [artista visual e pesquisador] Alexandre Sequeira, por exemplo, quando passou por lá, era estudante. É um projeto formado por pessoas que comungam da mesma ideia, eu acho isso maravilhoso. A Fotoativa é uma parte da minha vida, que talvez tenha sido a mais produtiva”, diz.
DESAFIOS
A atual presidente da Fotoativa, Irene Almeida, que atua como repórter fotográfica do DIÁRIO, diz que tem vivido muitos desafios e, especialmente, muitos aprendizados durante esses dois anos de gestão.
“É um desafio e uma responsabilidade muito grande, que às vezes não me deixa dormir, pensando que tem que pagar luz, pagar conta, tem que deixar esse espaço organizado para receber as pessoas. Tem muita coisa para ser feita na parte material, mas na parte estrutural também. É uma responsabilidade muito grande”, aponta.
O artista visual Alexandre Sequeira também destacou a relevância da associação para os artistas paraenses. “A Fotoativa foi muito importante para muita gente, numa perspectiva de formação, mas não só da fotografia especificamente, mas sempre houve uma relação com a imagem, com a leitura de mundo, a percepção, a leitura crítica, etc. A gente era estimulado a compreender a fotografia numa perspectiva de interpretação do mundo também”, detalha.
É um reconhecimento com gosto de rememoração, descreve Eli Sumida, sobre a confecção do selo Fotoativa 40 anos. “Para mim é superimportante estar de novo aqui porque comecei minha carreira de designer profissional junto com o selo da Fotoativa, quando a gente frequentava a Praça do Ferro de Engomar. Conhecia as primeiras turmas da Fotoativa e um dia eu resolvi criar uma placa de cerâmica branca, comprei uma tinta e essa placa ficou por anos na porta do espaço. A partir daí, eu me profissionalizei”, conta.
Há muitos planos e projetos para celebrar este ano, diz Jorge Ramos, que atua na parte administrativa da Associação Fotoativa. “São projetos de planejamento, de construção, mas a gente quer envolver muito mais a sociedade, contribuindo com os projetos que a gente pretende aprovar em editais para a reforma do casarão e das atividades regulares da casa”, detalha.