Base campeã é a que revela talentos
Os resultados negativos – oito derrotas e um empate – dos times paraenses na Copa São Paulo de Juniores 2024 têm gerado um debate sobre o verdadeiro papel das divisões de base. Há quem defenda, como eu, que a base serve para formar e revelar jogadores. Há os que bradam por conquistas desde as categorias iniciais, considerando isso como ponto principal de avaliação do trabalho.
Não consigo entender a estrutura de formação como um projeto para vitórias em série, conquistas e títulos. Eventualmente, pode ter essa característica, desde que o investimento seja no sentido de vencer tudo e vencer sempre. O Flamengo, por exemplo, gasta R$ 50 milhões por ano só com suas divisões de base.
É óbvio que recursos tão fartos obrigam os times de garotos a terem rendimento de campeões. O preparo, a estrutura e as facilidades permitem montar equipes realmente competitivas.
Palmeiras, São Paulo, Grêmio, Internacional, Corinthians, Fluminense, Cruzeiro e Atlético-MG seguem a mesma trilha, embora com investimentos ligeiramente menores. Por isso, são sempre protagonistas e conquistam quase todos os títulos.
Volta-se então ao ponto inicial da discussão. Para o trabalho de base é mais importante ter times campeões ou revelar bons jogadores? A base será avaliada pelas conquistas de campo ou pelos atletas formados?
Continuo com a firme convicção de que mais importante do que grandes campanhas na Copinha é a possibilidade de ofertar ao mundo jogadores de qualidade. Um bom sinal de que essa é a visão mais próxima do ideal foi a sondagem de outros clubes a atletas de Remo e Castanhal, times já eliminados (junto com o Carajás) da competição.
É compreensível que o torcedor estabeleça como parâmetro para avaliar a base a quantidade de campeonatos ganhos. Assim é a cabeça do torcedor, movida a paixão. É óbvio também que o ideal seria unir as duas coisas: que os times revelassem craques e conquistassem taças.
Ocorre que nem sempre é fácil fechar essa equação. Por isso, o que vale mesmo é garantir que a finalidade prioritária seja alcançada: prospectar talentos, burilar joias e revelar jogadores, para uso próprio ou para negociar em termos vantajosos. Base campeã é aquela que mais revela talentos.
Dorival e as incertezas da Seleção Brasileira
Reconhecido como bom técnico de clubes, Dorival Júnior foi chamado para comandar a Seleção e aceitou no ato, abrindo mão inclusive de uma vantajosa proposta para continuar no São Paulo. Decisão compreensível, afinal o sonho de dirigir o escrete é muito forte para qualquer técnico.
Quando se observa o leque de opções existente no Brasil para assumir o cargo, Dorival desponta como um dos melhores. O problema é o nível das ações disponíveis – Felipão, Tite, Cuca, Renato Gaúcho e Mano Menezes. Daí a dúvida se Dorival tem o tamanho necessário para assumir a Seleção.
Como o fracasso na tentativa de contratar Carlo Ancelotti, a ideia de contratar um estrangeiro parece ter saído do radar da CBF. E, seguramente, o melhor momento para testar um estrangeiro na Seleção seria agora.
José Mourinho, Jorge Jesus, Abel Ferreira ou Juan Pablo Vojvoda. Qualquer um desses representaria uma mudança de rumos. É fato que a Seleção não pode continuar a ser formada sob forte influência de empresários e agentes de jogadores. A cada convocação é possível perceber as digitais de figuras estranhas ao processo.
A dúvida agora é saber se o casamento entre Dorival e o escrete dará certo. Ele substitui Fernando Diniz, campeão sul-americano pelo Fluminense, que naufragou na Seleção. Após quatro jogos nas Eliminatórias, o Brasil está hoje na incômoda (e inédita) 6ª colocação.
O desgaste de Fernando Diniz, que estava como interino, facilitou a decisão de Ednaldo Rodrigues, ele próprio mergulhado em incertezas, pois voltou ao cargo de presidente da CBF graças a uma liminar do ministro Gilmar Mendes, do STF. Corre o risco de novo afastamento nos próximos meses.
Bola na Torre
Guilherme Guerreiro apresenta o programa a partir das 22h, na RBATV, com a participação de Valmir Rodrigues e deste escriba de Baião. Em destaque, os preparativos dos times para o Parazão 2024 e a disputa da Supercopa. A edição é de Lino Machado.
De forma inédita, pré-temporada não registra lesões
PSC e Remo estão em plena pré-temporada, movimentando seus elencos para as competições iniciais do ano – Campeonato Paraense, Copa Verde e Copa do Brasil – e pela primeira vez não há notícia de lesões entre os atletas. Os dois elencos, reunindo 58 atletas, não sofreram baixas, como era comum ocorrer até recentemente.
Ao todo, 35 jogadores (18 pelo Remo e 17 pelo PSC) foram contratados no final do ano passado e se incorporaram aos clubes depois das férias regulamentares. A grande maioria estava em plena atividade, disputando as Séries B e C do Campeonato Brasileiro. Outros foram repatriados e, em tese, deveriam sentir os efeitos do clima nortista.
Apesar disso, as comissões técnicas não têm do que se queixar. Nos jogos-treinos deste fim de semana, todos os atletas estarão à disposição dos técnicos Hélio dos Anjos e Ricardo Catalá.
O Remo enfrentará o Santa Rosa, com portões fechados, exclusivamente para o acompanhamento e a observação das comissões técnicas. O PSC joga amistosamente com um selecionado barcarenense.