
Diego Monteiro
“Cada vez mais bela”. É assim que alguns moradores descrevem Ananindeua, na Região Metropolitana de Belém, que, nesta quarta-feira, 3, completa 80 anos de história. E a cidade dos ananins não estará sozinha durante as comemorações, pois a festa será dividida com os mais de 500 mil habitantes que lá residem, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Segundo o professor de história Diego Maia, a região evoluiu significativamente desde a primeira colonização rural em 1710. “Desde então, a área evoluiu e atraiu novos olhares. Na primeira metade do século XIX, teve início o processo de colonização urbana a partir do atual bairro do Maguary. Desde então, não cessou seu crescimento, tornando-se o segundo município mais populoso do Pará.”
Ao longo de oito décadas, as transformações foram testemunhadas por grande parte da população, que, sempre que possível, resgata da memória antigos restaurantes, lojas e locais de lazer, sem mencionar as histórias narradas por quem acompanhou de perto o desenvolvimento da região ao longo do tempo, sejam moradores atuais ou aqueles que já se mudaram dali.
Seu Freitas Bernardo, 75 anos, nascido no Maranhão, decidiu se mudar para Ananindeua em 1990 em busca de condições melhores. “Na época, havia muitas oportunidades de trabalho, tanto que os anúncios de emprego corriam por todo o Brasil”, conta. O aposentado revelou que chegou à região de ônibus e ao desembarcar ficou encantado com o que viria a ser “seu lar para toda a vida”.
“Daqui não saio mais, pois amo onde vivo e tudo que este lugar proporcionou e proporciona para mim até hoje. Mesmo com apenas 34 anos morando aqui, posso afirmar que acompanhei várias mudanças e hoje somos grandiosos. Neste aniversário de Ananindeua, meu sentimento é de gratidão por tudo que esta cidade representa para todos que nasceram ou vieram morar aqui”, declarou Freitas.
CRESCIMENTO
Ananindeua é uma das cidades mais desenvolvidas do Pará e conquistou sua autonomia em 1943, por meio do Decreto-Lei nº 4.505, sendo oficialmente instalada em 3 de janeiro de 1944. Segundo dados do IBGE, nos últimos 20 anos, a população saltou de pouco mais de 410 mil habitantes em 2001 para 540 mil em 2022, representando um crescimento de 31%.
O aumento populacional também se reflete em outros aspectos: em uma década, a frota de veículos no município aumentou de 70.295 (2010) para 153.983 (2020); as empresas, que eram 3.977 em 2009, empregando 56.500 funcionários, totalizaram 4.910 em 2019, com 75.508 trabalhadores; além do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), o segundo maior do Pará, ficando atrás apenas de Belém.
Ana Clara Reis é moradora do município desde o nascimento, e hoje, aos 19 anos, testemunhou um pouco dessa mudança.
“As ruas, em sua maioria, estão asfaltadas. Hoje, temos vários espaços de lazer, escolas, shopping, entre outras coisas que antes só tinha em Belém”, lembra a estudante. Atualmente, Clara reside no bairro do 40 Horas e confessa que, apesar do progresso, muitos aspectos ainda precisam ser aprimorados. “Claro que nem tudo são flores e enfrentamos desafios como em qualquer outro lugar, principalmente com o transporte público”, explica a universitária. “Além disso, já foi muito perigoso – claro que ainda precisamos ter cuidado -, mas hoje considero um local tranquilo para viver, criar a família e se desenvolver como pessoa. Possuímos faculdades, por exemplo, além de grandes polos empresariais”, elogia Ana Clara.