Cintia Magno
Os tempos estavam longe de serem os mais favoráveis, mas o entendimento da necessidade de defender a democracia e os interesses da população paraense levaram a equipe pioneira do DIÁRIO a iniciar a missão que resultou no veículo que é apontado pelas pesquisas como o número um na preferência dos leitores. Liderando esse time, o jornalista Laércio Barbalho plantou a semente que é cultivada até hoje, dando continuidade ao legado deixado por ele.
Antes de destacar a postura de liderança de Laércio à frente do DIÁRIO, o senador Jader Barbalho faz questão de registrar a pessoa que foi o seu pai. “Em primeiro lugar, ele era de uma transparência fantástica, se sabia quando ele estava alegre e quando ele estava triste, e ele deixava bem claro as motivações dele. Era uma pessoa de um humor excelente e de uma coragem pessoal difícil de ser encontrada”, recorda.
“Ele resolveu liderar esse processo de instalação do DIÁRIO DO PARÁ, com grandes dificuldades, e deu os passos iniciais e fundamentais para que, passados 40 anos, se possa registrar e festejar o DIÁRIO DO PARÁ e o serviço que ele presta à sociedade paraense”.
O senador lembra que, quando Laércio Barbalho resolveu liderar a criação do DIÁRIO, o momento era difícil para a política não só no Estado, como no próprio país. Apesar disso, ele conseguiu reunir uma equipe aguerrida e empenhada em fazer o novo jornal chegar às mãos da população.
“Era um momento que se iniciava um processo de abertura política, mas com dificuldades imensas. E no caso, aqui, da comunicação, havia praticamente um monopólio por parte de um grupo político”, contextualiza.
“A imprensa tem um papel fundamental, principalmente para aqueles que respeitam a sociedade de direitos. A sociedade democrática não existe sem liberdade de imprensa e eu quero, portanto, relembrar e festejar o Laércio Barbalho, que liderou esse processo com todas as dificuldades e conseguiu dar uma contribuição enorme. Passados esses 40 anos, é inevitável que se façam essas referências em relação ao seu trabalho, à sua luta e à sua atuação liderando uma equipe porque, em quase todas as atividades humanas, o trabalho de equipe é fundamental e foram muitos aqueles que ele reuniu no DIÁRIO DO PARÁ para, efetivamente, transformar o jornal em um instrumento da sociedade paraense”.
Assim como demonstram registros fotográficos publicados pelo próprio DIÁRIO ao longo de sua trajetória, o fundador do jornal gostava de acompanhar de perto cada momento da produção do jornal.
“O Laércio Barbalho era um ‘sal da vida’. Ele temperou a sociedade paraense com o seu trabalho, com a sua obra. Ele atuava em todas as fases da feitura do DIÁRIO DO PARÁ, fosse na gráfica, fosse na redação. Ele era um jornalista efetivamente interessado”, lembra Jader Barbalho. “Depois, tantos ajudaram ele nessa caminhada, inclusive o neto dele, o Jader Filho, que é outra figura que também está inserida na história do DIÁRIO DO PARÁ pelo seu trabalho, pela sua luta e pela capacidade de modernizar o jornal”.
ENTUSIASMO
Deixando claro que o jornal havia nascido para ter vida longa, as edições comemorativas aos primeiros aniversários do DIÁRIO destacavam o entusiasmo, a perseverança e a experiência de Laércio Barbalho no comando do veículo. Em entrevista concedida ao próprio DIÁRIO em 1986, Laércio Barbalho relembrou os tempos do ‘chumbão’, o início de tudo.
“Aquela foi a fase do entusiasmo e da perseverança. Enquanto os outros jornais da terra já nos apresentavam o sistema off-set e a fotocomposição, nós partíamos para as ruas com o chumbão, sempre auxiliados por essa vontade muito forte de vencer”, disse, à época, já vislumbrando a evolução pela qual o jornal continuaria passando no futuro. “Era uma equipe realmente interessada em efetivamente ter um jornal nas condições hoje existentes no DIÁRIO e que possivelmente melhorará mais
ainda amanhã”.