Pará

Fogos de Artifício: Ufra e Mundo Azul fazem campanha por redução de barulho

Animais, idosos, recém nascidos, pessoas acamadas e pessoas com transtorno do espectro autista (Tea) são os que mais sofrem com o barulho e estampido de quando esses artefatos são disparados.
Animais, idosos, recém nascidos, pessoas acamadas e pessoas com transtorno do espectro autista (Tea) são os que mais sofrem com o barulho e estampido de quando esses artefatos são disparados.

Geralmente usados em comemorações, os fogos de artifício são alegria para uns e infortúnio pra outros. Animais, idosos, recém nascidos, pessoas acamadas e pessoas com transtorno do espectro autista (Tea) são os que mais sofrem com o barulho e estampido de quando esses artefatos são disparados.

Buscando sensibilizar as pessoas sobre o assunto e com a chegada das festas de final de ano, o Projeto Tea, da Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra), e o Grupo Mundo Azul, formado por 400 mães de crianças e adolescentes com autismo, iniciaram a campanha de conscientização “Diga Não aos Fogos de Artifício com Estampido”, para a não utilização de fogos tradicionais, ou pelo menos o uso de fogos sem som, material já existente no mercado.

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“Os principais prejuízos são na área sensorial onde um percentual significativo de pessoa com autismo tem suas principais dificuldades. Assim os estampidos causados pelos fogos trazem dor e sofrimento. Importante destacar que esse prejuízo também pode acometer animais, pessoas idosas e bebês. Ou seja, a não utilização de fogos com estampido abraça uma vasta quantidade de pessoas e famílias”, diz a professora Flávia Marçal, coordenadora do Projeto Tea, e mãe de uma criança com autismo.

A medida segue o que já está previsto na lei estadual nº 9.593/2022, que proíbe a utilização de fogos com estampido no Pará. A legislação foi considerada constitucional em outubro de 2023 e segue em vigor.

“Sempre sugerimos diálogo com os vizinhos e a comunidade. Atualmente várias entidades adotaram essa campanha, iniciada em 2019, a exemplo do Ministério Público do Estado do Pará que oficiou a diversas instituições e prefeituras com a recomendação de não utilização de fogos de estampido e a Procuradoria Geral do Estado do Pará e Tribunal de Justiça do estado do Pará que reconheceram a constitucionalidade da Lei aprovada em 2022”, diz.

Mais do que a proibição, a campanha apela para a empatia, como pedem Edigleison e Cleise Fernandes, pais de Júlio César, criança de 10 anos com TEA.

“Quando ele escuta o barulho de fogos ele fica chorando, já teve vezes que nos chamou pra dentro do quarto, pediu abafador. Nós também aumentamos o volume da tv, para que ele escute menos o barulho dos fogos. Em um final de ano colocamos no celular para ele ver o que eram os fogos. Queríamos que as pessoas tivessem mais consciência, ou comprassem fogos sem estampido. A consciência é a grande fiscalização nossa, nosso desejo é que as pessoas possam ter empatia com quem tem familiares com autismo, o mesmo com animais e outros grupos sensíveis ao barulho”, diz Edigleison.

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Edigleison e Cleise Fernandes, pais de Júlio César, que precisa usar abafador de som quando soltam fogos de artifício. Foto: arquivo Cleise Fernandes

 

Em maio de 2023 e com base na proteção do meio ambiente e da saúde, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que os municípios têm legitimidade para aprovar leis que proíbam a soltura de fogos de artifício e artefatos pirotécnicos que produzam estampido. “As festas de final são momentos de união e amor. Que tal começar 2024 dando exemplo de empatia e cuidado?”, diz a professora Flávia Marçal.

Fonte: Ascom Ufra