Cintia Magno
Fortemente impactados pela indústria extrativa mineral, os municípios de Parauapebas e Canaã dos Carajás foram os que apresentaram a maior participação no Produto Interno Bruto (PIB) do Estado do Pará no ano de 2021, seguidos pela capital Belém. Os dados, que são os mais recentes disponibilizados, foram divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e sinalizam uma tendência de desconcentração na participação dos municípios no PIB nacional.
De acordo com a publicação divulgada pelo IBGE, avaliando o cenário nacional ao longo da série histórica, em 2002, a Região Norte do país não tinha nenhum representante entre os 100 maiores PIBs. Passadas quase duas décadas, porém, em 2021 a região apresentou três municípios entre os 100 maiores PIBs nacionais, todos do Estado do Pará: Parauapebas, que contribui com 0,6% do PIB brasileiro; Canaã dos Carajás, que representa 0,4%; e Marabá, com 0,2%.
Analista de pesquisas do IBGE, além de Coordenador Técnico do Censo Demográfico 2022 no Pará, Luiz Cláudio Martins reforça que Parauapebas e Canaã dos Carajás são justamente os municípios paraenses que apresentaram maior destaque no PIB no ano de 2021. “Parauapebas, por exemplo, foi o segundo município do país com maior crescimento em termos de participação no PIB do país, considerando o período entre 2002 e 2021. E o quinto que mais cresceu também na participação no PIB do país foi Canaã dos Carajás”, explica. “Isso se deu em virtude da indústria extrativa mineral e dentro disso, se tem a questão da extração do minério de ferro, que é o principal produto extraído, então, foi essa atividade que deu essa alavancagem para os municípios. Mais um ponto de atenção em relação a Parauapebas é que, em 2021, ele tem a melhor posição entre os municípios do Estado do Pará no ranking dos municípios por participação no PIB nacional, na posição de número 22”.
No cenário regional, Belém figura na terceira posição entre os municípios com os maiores PIBs do Estado do Pará. Luiz Martins aponta que a capital vem apresentando queda também no PIB per capta, que se refere ao valor obtido a partir da divisão do valor total do PIB entre cada um dos habitantes de um determinado município em um dado período de tempo.
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“Belém vem apresentando queda no PIB per capta. Se a gente analisar a série histórica de 2002 para 2021, se observa que ela vem perdendo importância, ficando até abaixo da média nacional. Até alguns anos atrás Belém era o município com o maior PIB no Estado. Mas com a emergência de Parauapebas e de Canaã, esse último mais recentemente, eles acabaram rivalizando com Belém e nesse último dado de 2021, Belém foi suplantada tanto por Parauapebas, que já tinha superado a capital desde a última edição, e agora por Canaã dos Carajás também”, explica. “Um destaque importante é que Canaã dos Carajás tem, inclusive, o segundo maior PIB per capta do Brasil. No Estado do Pará, Canaã dos Carajás tem o maior PIB per capta e é seguido por Vitória do Xingu e Parauapebas”.
Recursos refletem em maior arrecadação do poder público
O analista de pesquisas do IBGE explica que o chamado Produto Interno Bruto (PIB) retrata a produção física e de serviços de um determinado território, que no caso dos últimos dados divulgados se referem aos municípios. “Esses produtos e serviços significam, em termos econômicos, riqueza que está sendo gerada. Então, em Parauapebas e Canaã dos Carajás cresceu bastante a extração de minério de ferro e uma boa parte desse minério é exportado. Isso gera divisas, gera recursos não só para a empresa, mas para todas as atividades que giram em torno da indústria extrativa”, esclarece, ao sinalizar que os recursos gerados a partir dessas atividades podem refletir em maior arrecadação para aplicação em políticas públicas pelo poder público. “Parauapebas, por exemplo, teve crescimento na participação em termos de gastos da administração pública com educação, saúde e isso é reflexo, evidentemente, da maior arrecadação de royalties da extração mineral. Canaã dos Carajás também, as atividades de serviços vêm crescendo nesses municípios, então, isso gera um aumento de arrecadação por parte do Estado, por exemplo”.
De todo modo, Luiz Martins reforça que o valor elevado do PIB não gera, necessariamente, desenvolvimento econômico, já que essa riqueza pode ficar concentrada em poucas empresas. “Ela não gera, necessariamente, bem-estar econômico e social para a população porque é preciso avaliar outros indicadores que mensuram melhor essa questão, mas, de qualquer forma, o ideal é que haja o crescimento econômico – e aí o PIB é o principal indicador de crescimento econômico – para que haja a possibilidade desse recurso aferido pela produção de bens e serviços seja investido e gere dispositivos para toda a sociedade”.
Nesse sentido, os estudos que analisam o Produto Interno Bruto do país fazem o levantamento dos dados das principais atividades econômicas: serviços, agropecuária, indústria e a administração pública, que ainda têm um peso importante na maior parte dos municípios do país. “No caso da indústria, Parauapebas, Canaã dos Carajás, Marabá e Barcarena são os municípios paraenses que têm o maior valor adicionado. E esses quatro municípios têm uma participação importante em termos de país também”, aponta. “Na produção agropecuária, em termos de participação no valor adicionado dos municípios, temos como destaque Ulianópolis, Acará, São Félix do Xingu. Já Belém e Ananindeua são os principais municípios em termos de valor adicionado na Administração Pública”.
