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DIÁRIO em Dubai exclusivo: a rica história em volta do deserto

Cintia Magno

Não apenas dos arranha-céus e recordes arquitetônicos vive o turismo de Dubai, um dos sete emirados que compõem os Emirados Árabes Unidos e que foi a sede da recém-encerrada 28ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (COP28). Para quem está interessado em conhecer a cultura local, é possível fazer um mergulho nas tradições árabes circulando pelos bairros históricos da cidade ou ainda percorrendo as dunas da Reserva de Conservação do Deserto do Dubai.

Distante alguns minutos de metrô do centro financeiro de Dubai, os bairros históricos de Al Fahid e Deira são um convite a conhecer mais de perto os costumes que fazem parte da cultura do povo árabe. Conhecida como ‘Dubai Antiga’, a região possibilita conhecer um pouco das antigas construções que caracterizavam a cidade em meados do século XIX, feitas de pedra, gesso e madeira, e localizadas em becos estreitos.

Separados pelo Dubai Creek – lago em que durante séculos os comerciantes atracavam suas embarcações carregadas de perfumes, especiarias, café e ouro – os bairros de Al Fahid e Deira guardam características próprias. No caso deste último, permanece viva até hoje o passado comercial de Dubai, concentrando uma grande quantidade dos tradicionais souks (mercados, em árabe). Repletos de cores, presentes tanto nos lenços de cashmere, quanto nas inúmeras especiarias expostas a venda, os mercados também apresentam a cultura fortemente ligada ao comércio dos Emirados Árabes.

Durante um breve passeio pelas vielas estreitas dos mercados, é preciso lidar com os convites dos comerciantes a conhecer seus produtos. Quando eles descobrem que o visitante se trata de um brasileiro, inclusive, não é raro ouvir dos donos dos comércios expressões conhecidas como ‘aqui é bom, bonito e barato’. Tudo para atrair o cliente que, durante o processo de compra, também não pode deixar de negociar o melhor preço.

A área de souks de Deira data de 1850 e ainda hoje abriga uma grande variedade de mercados que foram restaurados para preservar a arquitetura original. Além dos lenços e das especiarias, também é possível encontrar no local perfumes árabes tradicionais, feitos a base de óleo; ervas, brinquedos, itens para casa e o que mais for possível fazer em referência à estética árabe.

DESERTO

Se afastando um pouco mais do centro da cidade, é possível ter contato com a tradição e a cultura beduína durante um passeio rumo à Reserva de Conservação do Deserto do Dubai. Entre as várias opções de safáris disponibilizadas por diferentes agências de turismo, é possível observar a vida selvagem nativa, como o animal conhecido como órix árabe, os tradicionais camelos e os falcões.

Em uma das opções disponíveis, é possível percorrer as dunas do deserto a bordo de carros antigos, Land Rover que remetem à década de 1950, época em que os primeiros veículos foram apresentados aos Emirados Árabes Unidos. Logo na chegada ao deserto, o guia que comandará o veículo e apresentará a história do local, é também o responsável por fazer a típica amarração do lenço na cabeça do visitante, item recomendado para enfrentar o sol do deserto. Depois de percorrer as dunas, com paradas para fotos, o passeio chega a um show de falcoaria, onde é possível ver a destreza e agilidade do pássaro que é símbolo dos Emirados Árabes Unidos tendo o pôr-do-sol como cenário. A história do pássaro com a cultura árabe, inclusive, remete há milhares de anos, quando os beduínos utilizavam os falcões para ajudar a capturar presas.

Habitantes mais antigos do deserto árabe, os beduínos eram grupos semi-nômades que viviam nas areias do deserto e que são responsáveis por uma rica herança cultural deixada para o povo árabe. Durante o safári pelo deserto de Dubai, é possível ter contato com muitas de suas tradições, marcadas pela hospitalidade. O último ponto de parada do passeio que inicia às 14h e encerra apenas à noite, é um autêntico acampamento beduíno construído com madeira natural e pedra, iluminado por tochas e onde os visitantes são recebidos com café e tâmaras – na cultura árabe, inclusive, é falta de educação recusar o café ofertado. No local, além de ver demonstrações de como fazer os tradicionais pães e cafés árabes, os visitantes desfrutam de um jantar com pratos tradicionais beduínos e assistem a apresentações.

 

PARA ENTENDER

DUBAI

l De acordo com o último Relatório de Desempenho do Turismo, divulgado pela Secretaria de Economia e Turismo, Dubai recebeu 13,90 milhões de turistas estrangeiros no período de janeiro a outubro de 2023, portanto, antes da COP28.

DUBAI CREEK

l Para os visitantes que passeiam pela ‘Dubai Antiga’, é possível atravessar o Dubai Creek em um dos barcos tradicionais conhecidos como abras. Cada travessia custa 1 AED (moeda local). Cada abra pode transportar até 20 passageiros que se sentam num banco de madeira central para a travessia que dura cerca de cinco minutos.

Fotos: Cintia Magno