DOCUMENTÁRIO MUSICAL

“Down by the river” faz um passeio musical apaixonante

Hugh Laurie mostra outra faceta como artista no documentário "Down by the river", que mergulha na história do blues.

O filme acompanha Laurie em sua jornada musical, desde o Texas até Nova Orleans - Foto: Divulgação
O filme acompanha Laurie em sua jornada musical, desde o Texas até Nova Orleans - Foto: Divulgação

Na lendária encruzilhada em que Robert Johnson teria vendido sua alma ao diabo, ecoam as velhas canções que o fizeram famoso. E o entusiasmo de Hugh Laurie por estar ali, vivendo aquele momento, cantando “Crossroads Blues”, é genuíno, contagiante. Ele ama o blues e todas as histórias que compõem o seu imaginário, isso fica claro no seu olhar, no seu sorriso. Impossível não imergir junto com ele pela viagem musical a que se propôs. A bordo de um Ford Galaxy 500, carro que também possui um significado especial ao artista, ele bota o seu indefectível chapéu e cruza os Estados Unidos rumo a Nova Orleans, um dos principais redutos do blues, para a gravação do documentário “Down By The River”.

O filme foi lançado em 2011 e tem apenas 46 minutos de duração – o suficiente para fazer você se apaixonar pelo som, pelas pessoas e suas histórias de vida. Hugh Laurie, mais conhecido como o protagonista da série “House”, se mostra extremamente carismático na condução do documentário, reverenciando os mestres do gênero e demonstrando ser um privilégio para ele contar “causos”, origens de canções e interagir com nomes como Tom Jones e Irma Thomas, e também da cena local. Ele se assume como fã e aprendiz do blues. Aliás, não só do blues, mas do universo musical como um todo, com espaço para o folk, o country, o jazz… A riqueza artística e o sentido da música são mais importantes do que se prender a estilos, categorizações.

Mas, com o passar do tempo, podemos notar que a modéstia também faz parte do repertório de Hugh, pois ele se revela um ótimo instrumentista e cantor, indo do piano à gaita, passando pelo violão. A sua voz surpreende e cai como uma luva para o blues. Possui aquela urgência, aquela força que move as canções do gênero, uma certa angústia que tem a capacidade de potencializar o que estamos sentindo no momento. A sua interpretação de alguns clássicos é notável. E o fato de só se aprofundar na carreira musical após os 50 anos de idade é ainda mais impressionante.

Hugh lançou dois álbuns – “Let Them Talk” e “Didn’t it Rain” – com releituras de músicas que o acompanharam desde sempre, e já veio ao Brasil há alguns anos para uma apresentação. Ele demonstra total compreensão de que o blues não é apenas letra e melodia. É presença, é charme. O intérprete precisa te conquistar, te fazer comprar a sua história. E Hugh tem esse ar meio hipnótico, que te faz prestar atenção ao que ele diz e canta. Foi uma grata surpresa conhecer esse seu lado. Conheça-o também, vale a pena.

Onde assistir

  • “Down by the river” está disponível no YouTube.

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Saiba mais

  • Para manter a pegada do blues e já que citei no texto principal o Robert Johnson, vale a pena indicar outro documentário, desta vez focado na vida desse artista em particular. “O diabo na encruzilhada”, de 2019, está disponível na Netflix, e traz uma investigação sobre o mito daquele que influenciou gerações de músicos mundo afora. O filme é bem curtinho e pode ser considerado só uma “pincelada” em uma das histórias mais interessantes do universo musical.

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