Uma embarcação semissubmersível que seria utilizada para o transporte de cocaína, apreendida no dia 31 de maio, pode fazer parte das atividades de uma organização internacional para o tráfico de drogas. A informação foi confirmada durante uma entrevista coletiva com a Polícia Federal, Marinha do Brasil e Força Aérea Brasileira (FAB), que fizeram a apreensão da embarcação no município de Chaves, arquipélago do Marajó.
“Pelas características da embarcação tudo indica que ela foi feita para o transporte de droga do Brasil para a Europa ou para a costa norte da África. As investigações vão apontar se houve ou não a participação de estrangeiros auxiliando na construção”, explicou o delegado regional de Polícia Judiciária da Polícia Federal do Pará, Fernando Casarin. O semi-submarino estava na fase final de elaboração e não havia drogas no interior. Durante a operação, uma pessoa foi presa por porte ilegal de arma de fogo.
Esse foi um dos desdobramentos das investigações relacionadas à apreensão, em março de 2025, de uma embarcação similar nas águas de Portugal. A apuração das forças policiais aponta que ambos os equipamentos foram fabricados na mesma região do Pará, com a finalidade de viabilizar o tráfico transatlântico de entorpecentes, o que evidencia uma tentativa de diversificação dos meios utilizados pelas organizações criminosas para o tráfico internacional de drogas.
Apreensão e Investigações
A embarcação tem em torno de 18 a 20 metros e é considerada de porte pequeno pela Marinha. “A autonomia depende da quantidade de combustível e de mantimentos disponíveis para fazer qualquer percurso”, pontua o comandante do Grupamento de Patrulha Naval do Norte, capitão de mar e guerra Guilherme Barros Moreira. O militar reforçou que a Marinha é a força responsável pela proteção da costa brasileira e das águas jurisdicionais. A atuação inclui a segurança da navegação, a salvaguarda da vida humana no mar, a prevenção da poluição hídrica, além de auxiliar no combate aos crimes transfronteiriços, pesca ilegal e contrabando.
A disponibilidade da tecnologia de satélite foi o que auxiliou na identificação da embarcação ilegal. “A imensidão das águas é sempre um desafio, por isso o trabalho de inteligência e observação é fundamental para colaborar com a Polícia Federal na operação”, explicou o chefe da coordenadoria de atividades operacionais do Primeiro Comando Aéreo Regional da Força Aérea, coronel Isaías Lopes. Segundo a FAB, durante a missão de reconhecimento realizada pelas aeronaves R-99, foram identificadas estruturas navais camufladas entre galpões ribeirinhos, além de padrões logísticos atípicos ao longo de rotas estratégicas nos rios da região.
Colaboração e Tecnologia
Depois do episódio da apreensão da embarcação nas águas portuguesas, as imagens orbitais e dados eletrônicos captados por aeronaves passaram a ser analisados de forma integrada pelas equipes da FAB e da PF. O cruzamento das informações permitiu identificar a fabricação regional e o destino transatlântico das embarcações artesanais. As investigações seguem para identificar suspeitos e outras implicações da operação.