Grande Belém

Imprudência dita as regras na Augusto Montenegro

Flagrantes: moto disputa o espaço reservado aos pedestres Foto: Wagner Almeida / Diário do Pará.
Flagrantes: moto disputa o espaço reservado aos pedestres Foto: Wagner Almeida / Diário do Pará.

Diego Monteiro

Motoristas e motociclistas continuam praticando irregularidades na rodovia Augusto Montenegro, mesmo após dois acidentes graves, com duas mortes, ocorridos na via no último domingo e segunda-feira. Na tarde de ontem, o DIÁRIO flagrou por lá práticas proibidas, sobretudo, motoqueiros sem capacete, motoristas sem o cinto de segurança, além de condução perigosa de veículo pela via expressa do BRT.

Por ser uma via que conecta diversos bairros de Belém, desde o Entroncamento até o distrito de Icoaraci, é natural que em alguns horários haja um grande fluxo, o que deixa o trânsito lento. Este cenário se agrava com outros fatores de riscos, como: grande movimento de ciclistas, velocidade acima do permitido, conversões proibidas e pessoas que atravessam fora da faixa de pedestres.

Um dos pontos mais críticos se estende do conjunto Satélite até o Terminal Maracacuera, em Icoaraci. Foi nesse trecho que, na noite do último domingo, 15, uma mulher foi atingida por um veículo em alta velocidade enquanto atravessava perto da entrada do Tenoné, pelo BRT. O motorista fugiu sem prestar socorro à vítima, que não resistiu aos ferimentos.

Motoristas e motociclistas continuam praticando irregularidades na rodovia Augusto Montenegro. Foto: Wagner Almeida / Diário do Pará.

Paulo Sérgio Monteiro, 42 anos, que trabalha em uma parada de ônibus no quilômetro 8, vendendo bombons, observa que quase todos os dias ocorrem acidentes, desde os mais leves até os mais graves. “É incrível que na maioria dos casos a pressa sempre é um fator determinante para que haja esse tipo de ocorrência. Parece que as pessoas não têm paciência”, disse.

“Todos os dias o trânsito é bem intenso por aqui, principalmente pelo fato de que essa área está passando por uma obra de drenagem, o que atrapalha ainda mais o fluxo de veículos. É nessas horas que as calçadas são invadidas por motos, e o BRT que era para ser exclusivo, ganha a presença de veículos particulares. Aí os pedestres e os ciclistas têm que redobrar a atenção”, pontua Paulo.

 

“Se for fazer todas as imprudências, não vai ter espaço no jornal”

A avenida acumula flagrantes de imprudências. Foto: Wagner Almeida / Diário do Pará.

A utilização inadequada da ciclofaixa por carros e motos parece ser uma ocorrência comum na área. Motociclistas foram flagrados atravessando a faixa de pedestres, deslocando-se de um lado para o outro, mesmo na presença de crianças e idosos no local. Muitos parecem ignorar até mesmo a presença da equipe de reportagem, já que as imprudências não cessaram.
“Se for fazer todas as imprudências que acontecem diariamente por aqui não vai ter espaço no jornal”, afirma José Roberto, 43. “Muitos motociclistas levam crianças sem capacetes. Outros só sabem usar a moto se exceder o número de passageiros. Os semáforos são respeitados por poucos. Por isso que acontecem muitos acidentes: por falta de conscientização do povo”, completou o motorista.

De fato, o capacete que deveria estar protegendo a cabeça, é frequentemente visto no braço ou na testa dos motociclistas. Alguns optam por deixá-lo em casa e transitam pela Augusto Montenegro sem qualquer proteção. “Acredito que o que realmente falta é conscientização da população. É possível proteger a si mesmo e aos outros para garantir um trânsito mais seguro”, enfatiza José.

Carlos Silva, 32, não sai de casa sem estar devidamente protegido. “Quem dera se todos pensassem que nem eu. Sempre uso capacete na cabeça. Fora que eu não consigo andar de moto sem usar um tênis, pois dessa forma eu tenho uma sensação de segurança. Acho que as pessoas poderiam ter mais amor à vida, pois não sabemos o que pode acontecer daqui para ali”, explicou o autônomo.

Leis

O Código de Trânsito Brasileiro é claro quanto às conversões em locais proibidos, seja à direita ou à esquerda, considerado esse procedimento grave. Além da multa, que pode chegar a R$195,23, o condutor recebe ainda cinco pontos na Carteira Nacional de Habilitação (CNH). Avançar o sinal vermelho ou o de parada obrigatória é infração gravíssima, com multa de R$293,47.

Segundo o CTB, conduzir motocicleta, motoneta ou ciclomotor sem o uso de capacete ou vestuário adequado é considerado infração gravíssima, com penalidade que pode variar entre multa no valor de R$ 293,47, além da suspensão do direito de dirigir. Já em relação aos carros, todos precisam estar com cinto de segurança, pois a falta do item é infração grave, com multa de R$ 195,23.

Em relação às penalidades aos condutores que forem flagrados na via expressa do BRT, a Superintendência Executiva de Mobilidade Urbana de Belém (Semob) pontua que esta infração é considerada gravíssima e pode resultar em multa de R$293,47, sete pontos na CNH e também remoção ou apreensão do veículo.

Serviço

A Semob também disponibiliza canais de atendimento para denúncias relativas ao trânsito, seja por meio das redes sociais (Twitter, Instagram e Facebook), ou formalizadas à Ouvidoria, no link: semob.belem.pa.gov.br.