Grande Belém

Cidade das Mangueiras celebra o Dia da Árvore

As mangueiras fazem parte do cenário da capital paraense em várias vias, como Presidente Vargas e Nazaré .FOTO: WAGNER ALMEIDA
As mangueiras fazem parte do cenário da capital paraense em várias vias, como Presidente Vargas e Nazaré .FOTO: WAGNER ALMEIDA

Diego Monteiro

Em uma cidade que ostenta o título de “Cidade das Mangueiras”, o Dia da Árvore, celebrado neste 21 de setembro, possui um significado especial para os moradores de Belém. Aliás, algumas vias mais movimentadas da capital paraense, como as avenidas Presidente Vargas e Nazaré, se destacam pelo corredor formado pelas árvores.

Entretanto, além da beleza, as árvores desempenham funções cruciais para o meio ambiente. Elas refrescam o ambiente onde estão inseridas, oferecem sombra, funcionam como barreiras contra o vento, auxiliam na manutenção da umidade do ar, reduzem a poluição, estabilizam o solo e proporcionam abrigo para aves.

Segundo a professora Joze Melissa Freitas, especialista em urbanismo arbóreo e paisagismo, há inúmeras árvores centenárias em Belém. “Elas estão espalhadas por diversos bairros”, afirma. “Destas, é claro, as mangueiras assumem o destaque em nossa região. Apesar de não serem nativas daqui, essas frutíferas já fazem parte da nossa história”, comentou.

Melissa também é coordenadora do projeto intitulado “Caracterização da Arborização Urbana no Município de Belém, Semente do Amanhã: Belém Mais Verde”, iniciativa que emprega esforços para estudar e mapear as árvores em cinco bairros do centro da cidade. Desde o começo deste ano, apenas nos bairros do Marco e Fátima, mais de 3,2 mil árvores foram catalogadas, abrangendo mangueiras, ipês, castanholas e ficos.

A professora revelou que há espécies tanto novas quanto antigas, todas merecendo a mesma atenção quanto aos cuidados a fim de evitar riscos para as pessoas e danos materiais. “Por exemplo, as mangueiras não foram originalmente planejadas para arborização, mas, dado o tempo que estão aqui, merecem um cuidado especial de todos para crescerem sem oferecer riscos”, enfatiza Joze.

PESQUISA

A pesquisa concluiu que os principais problemas relacionados às árvores envolvem a interação com a rede elétrica, principalmente as copas. Além disso, há um volume considerável de raízes expostas devido ao planejamento inadequado da arborização. Também foram observadas raízes superficiais que danificam as calçadas e infestações de plantas parasitas ou cupins.

“Fora que o ambiente urbano não é ideal para o crescimento de árvores, especialmente as de grande porte, pois as raízes necessitam de espaço e solo adequado para se desenvolverem. A poluição do ar, a depredação humana, o lixo nos troncos, pinturas inadequadas e a introdução de pregos ou ferimentos feitos por homens são fatores de alto risco”, acrescenta.

De acordo com a Lei nº 8909, de 29 de março de 2012, que estabelece o Plano Municipal de Arborização Urbana de Belém, aqueles que danificarem, destruírem, lesionarem ou maltratarem árvores e arbustos em áreas públicas podem ser punidos com advertência ou multa de até R$ 10 mil, que dobra em caso de reincidência.

Ronaldo Lima, de 70 anos, é taxista e fica em um ponto na Praça da República, próximo ao Cinema Olympia. Segundo o motorista, a cidade é encantadora com suas árvores. “Recentemente vi que começaram a fazer uma podagem e fiquei assustado. Mas depois os colegas vieram falar que era por uma questão de segurança”, detalhou.

“Vivi na década de 60, quando Belém contava com uma quantidade maior de árvores. A temperatura era mais amena, ao ponto de termos que nos agasalhar bem e, às vezes, saía até vapor de nossas bocas devido ao frio, dependendo do ano. Com certeza, se cuidássemos melhor dessa questão, não estaríamos enfrentando essa onda de calor severa que vivenciamos nos dias atuais”.

INVENTÁRIO

A Prefeitura de Belém, por meio da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma), está conduzindo um inventário das árvores de Belém, no qual é possível identificar cada uma das 3.422 árvores existentes nos bairros de Fátima e do Marco. Essas informações podem ser acessadas por meio do endereço semma.belem.pa.gov.br.

Com isso, a plataforma chega com a finalidade de quantificar e qualificar todas as árvores presentes na cidade. É importante destacar que o mapeamento individualizado das árvores tem uma abordagem preventiva, servindo como base para as atividades de manutenção e expansão da arborização realizadas pela Semma em colaboração com outras entidades governamentais.