Carol Menezes
Por conta da realização da 30ª edição da Conferência das Partes (COP 30), que será sediada na capital paraense em 2025, Belém e Região Metropolitana receberão cerca de R$ 3,2 bilhões para investimentos em obras estruturantes. O anúncio foi feito na tarde desta terça, 3, no Palácio do Governo, em Belém, pelo governador Helder Barbalho (MDB) e por Aloizio Mercadante, presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Os primeiros contratos relacionados ao pacote bilionário deverão ser assinados até o fim deste ano, e o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), deve vir à cidade participar do ato. Hoje, quarta-feira (4), Helder e Mercadante assinam, a partir das 10h, contrato referente à restauração do Complexo dos Mercedários, no bairro da Campina.
De acordo com Mercadante, há uma linha de crédito específica de cerca de R$ 3,2 bilhões para dar conta de 52 projetos já apresentados pelo governo do estado ao BNDES e que estão sendo discutidos sob a perspectiva de garantir um legado às cidades e principalmente aos seus habitantes. “É algo que o governador Helder Barbalho nos destaca: não queremos simplesmente o evento, queremos o que fica para a comunidade, o que melhora o saneamento, a mobilidade, a qualidade de vida da população, especialmente dos que mais precisam”, justificou. “Vamos iniciar agora a fase técnica da contratação do serviço até o começo do ano que vem”, confirmou. As obras devem ser todas entregues até 2025.
Helder agradeceu a parceria com o governo federal e reforçou que o BNDES é o principal parceiro e agente financiador para as estratégias de Belém diante do desafio de ser sede da COP 30. Segundo o chefe do Executivo estadual, o pacote de investimentos passa por estruturação urbana – investimentos em saneamento, abastecimento de água, mobilidade urbana, novas vias, parques turísticos, melhoramento da malha viária e serviços de transporte coletivo -, apoiamento para redução da emissões do consumo de energia elétrica dos prédios e logradouros públicos e apoiamento para iniciativa privada visando melhoramento da estrutura da rede hoteleira e da rede de serviços de bares e restaurantes.
“O BNDES é parceiro decisivo para que possamos nos consolidar como referência da agenda ambiental climática do Brasil e do planeta. É um banco que está em processo avançado de consolidação e implementação de agendas do Fundo Amazônia como operador e de outro fundos climáticos que estarão a fomentar projetos públicos do terceiro setor para podermos avançar com agendas ambientais do país”, reconheceu o governador.
Aloizio Mercadante enfatizou que haverá um empenho em apoiar a economia local para que haja condições de absorção do impacto do evento e seus desdobramentos – e mencionou como exemplos disso um retrofit nos hotéis da região e perspectivas de novos empreendimentos hoteleiros, além de melhoria e expansão dos serviços de restaurantes e bares. “A comida de Belém é uma coisa extraordinária, o mundo vai provar esses sabores, e isso pode significar uma perspectiva muito promissora para a gastronomia da Amazônia”, destacou.
“Temos uma linha que começa a operar agora em novembro de R$ 4,5 bilhões só para micro e pequenos empresários da Amazônia. Vamos vir aqui para poder orientar como é que eles acessam, quais são as condições, o que podemos fazer e vamos fazer o melhor possível”, antecipou o presidente do BNDES.
Por conta da COP 30, devem ser injetados também aqui recursos do Fundo do Turismo Brasileiro, do Fundo Amazônia e do Fundo do Clima. “Vamos ter uma operação de apoio muito forte da Polícia Federal com Forças Armadas para segurança da Amazônia, para começar um trabalho de inteligência e operacional forte no combate à criminalidade, ao tráfico e à proteção contra o desmatamento e todo tipo de crime, com uso de recursos do Fundo Amazônia. Pelo Fundo do Clima este ano tivemos R$ 1 bilhão, ano que vem teremos em torno de R$ 10 bilhões. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, está lançando um Bônus Verde que vai captar US$ 2 bilhões de dólares e com isso nós vamos ter recurso com taxas de juros muito mais acessíveis”, listou.
“Nós temos uma grande oportunidade nessa COP de mudar a história, de criar um outro paradigma e apresentar novas alternativas. Pode mudar a história da cidade. Belém pode se tornar um centro de acolhimento, de turismo, de interlocução, de discussão, de expressar cultura e todos os valores que a gente precisa trazer para o planeta a partir dessa Amazônia profunda”, finalizou Mercadante.