Pará

Aumentam as apreensões de “supermaconha” no Pará

Somente em 2023, a PRF apreendeu 608 quilos de “skunk” nas rodovias do Estado, sem contar o quantitativo que é apreendido nos rios. A droga é resultado da cannabis manipulada em laboratório
Somente em 2023, a PRF apreendeu 608 quilos de “skunk” nas rodovias do Estado, sem contar o quantitativo que é apreendido nos rios. A droga é resultado da cannabis manipulada em laboratório

Luiz Flávio

Cerca de 65% das mais de 9 toneladas de entorpecentes apreendidos no Pará em todo o ano de 2023 são de maconha, segundo dados da Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social do Pará (Segup). Os números mostram que de janeiro a dezembro do ano passado as Polícias Civil e Militar apreenderam 9.156,568 kg de drogas em todo o Estado, sendo 3.261,344 kg de cocaína e 5.895,224 kg de maconha.

Nos primeiros quatro meses de 2024 (janeiro a abril), foram apreendidas 1.132,325 kg de cocaína e 4.092,660 kg de maconha, totalizando 5.224,985 kg de entorpecentes, numa proporção onde a maconha representa mais de 78% do total de apreensões. Não há como comprovar no momento das apreensões, mas grande parte dessa maconha apreendida é do tipo “skunk”, também conhecido como “skank” ou “supermaconha”, entorpecente cujo tráfico que vem crescendo no Brasil com apreensões da droga em quantidades cada vez maiores.

A Polícia Civil informa que o aumento de apreensão de drogas como um todo no Estado é resultado de investimentos do governo na área de inteligência das forças de segurança, aumento de efetivo, além do incremento em equipamentos que auxiliam na detecção de entorpecentes escondidos em automóveis e embarcações.

O transporte da droga é feito por embarcações ocorrem as apreensões principalmente da região do Baixo Amazonas e Baixo Tocantins. Quando o meio utilizado é terrestre, essas apreensões ocorrem em sua maioria no Sul e Sudeste do Estado. “O Pará é rota final para uma parte dos entorpecentes e rota de passagem para outros estados e países, principalmente da Europa e África. Somos um estado que está situado entre países que produzem a droga e países que são destino dos entorpecentes”, afirma a PC.

A Polícia Rodoviária Federal (PRF) apreendeu em 2023 um total de 608 quilos de skunk nas rodovias federais que cortam o Pará. O último levantamento, feito até o dia 20/02 passado, apontava um total de 280,4 quilos do produto apreendido este ano pela corporação, quantidade que é muito maior hoje. A PRF avalia que existe uma perspectiva de crescimento nas apreensões de skunk no ano este ano. “Para isso a PRF busca investir no aumento da qualidade de fiscalizações, na qualificação dos policiais, na utilização de ferramentas técnicas como os cães farejadores, tudo isso baseado em um policiamento orientado por inteligência”, informou o órgão.

Ainda segundo a PRF, o Estado do Pará “serve tanto como entreposto para o envio da droga para outros estados e países, como também é um grande mercado consumidor. Nacionalmente, os principais destinos são as regiões nordeste e sudeste do Brasil”.

O skunk é produzido a partir do cruzamento genético e do cultivo hidropônico da planta Cannabis sativa, a mesma que dá origem à maconha, resultando numa variedade da planta que produzir uma quantidade bem maior de THC, princípio ativo da maconha. A droga pertence ao grupo dos canabinóides, mas com efeitos mais potentes e nocivos ao cérebro do que a maconha tradicional.

A segurança pública no Pará, nas esferas estadual (Polícias Civil e Militar) e federal (Polícia Rodoviária Federal-PRF), vêm aperfeiçoando sua área de inteligência e aumentando as apreensões de skunk no Estado, que se tornam ainda mais eficientes por serem realizadas de maneira conjunta. As apreensões vêm ocorrendo sobretudo na região oeste do Pará, principalmente em Santarém. E foram várias nos meses de abril e maio.

A primeira delas ocorreu dia 11, em m ação conjunta entre a PRF e a PM: foram 11,5 quilos da substância no km 995 da BR-163, em Santarém, por volta das 4h30, quando policiais abordaram um ônibus intermunicipal que realizava o itinerário de Santarém até Altamira. Ao inspecionar o compartimento de bagagens os agentes encontraram 4 caixas suspeitas rotuladas como eletrodomésticos. Dentro estavam 10 tabletes de skunk. A droga tinha como com destino a cidade de Novo Repartimento. A quantidade apreendida representou um prejuízo de R$ 300 mil para o crime organizado.

Na noite do dia 14 PRF e PM fizeram outra apreensão, dessa vez de 6,6 kg da substância também no porto do DER em Santarém num veículo com um condutor e dois passageiros. Seis tabletes da droga estavam escondidos dentro de fornos elétricos dentro do porta-malas do carro.

A PRF e a PM apreenderam outros 25 kg de skunk novamente em Santarém na noite do dia 15 no porto do DER, quando as equipes abordaram um veículo e durante fiscalização, onde verificaram a presença de odor característico de maconha exalando do veículo. Foram encontrados 22 pacotes da substância nas paredes laterais do veículo, totalizando 25 Kg. Ao serem indagados, o condutor e a passageira alegaram não ter conhecimento da presença de droga no veículo e que a pedido de um amigo, foram buscar o veículo no porto.

No último dia 17, PRF e PM, mais uma vez em ação conjunta, apreenderam 15,3 kg de skunk no quilômetro 995 da BR-163, em Santarém. O flagrante ocorreu por volta das 22h30, quando os policiais abordaram um veículo com um freezer na carroceria perto do porto do DER e logo em seguida levado até a Unidade Operacional (UOP) para uma inspeção mais minuciosa. Os 12 tabletes da droga estavam escondidos na parte de baixo do freezer, que veio da cidade de Manaus (AM) por meio de embarcação.