Luiza Mello
A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro aprovou nesta quarta-feira, 18, o relatório final elaborado pela relatora, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), com 20 votos a favor, 11 contra e uma abstenção. O documento sugere o indiciamento de 61 pessoas, entre elas, estão o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e figuras-chave do governo do ex-presidente.
Entre os indiciados está o paraense George Washington de Oliveira Sousa, condenado a nove anos e quatro meses de prisão pela tentativa de atentado a bomba próximo ao aeroporto de Brasília, em 22 de dezembro do ano passado.
A CPMI dos Atos Golpistas responsabiliza o empresário paraense por ser um dos financiadores de compra de armas para a tentativa de golpe. Ele usou os postos de combustíveis que pertencem à família para financiar a compra de pelo menos 13 armas e munições que mantinha em um apartamento alugado em Brasília, enquanto passava os dias no acampamento golpista montado em frente ao QG do Exército na Esplanada dos Ministérios, na capital federal.
O DIÁRIO deu em primeira mão, na edição de 27 de dezembro de 2022, que a família do paraense terrorista era dona de vários postos de combustíveis.
A CPMI apurou que os postos Cavalo de Aço, em Xinguara e Superposto Pioneiro, em Tucumã, foram responsáveis pelo repasse dos recursos que permitiram que Washington se armasse para estar em Brasília, logo após a vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a Presidência da República.
Logo após ter sido identificado como um dos responsáveis pela tentativa de explodir um caminhão-tanque em Brasília, o DIÁRIO apurou que o filho do empresário, que tem o mesmo nome, havia aberto a empresa Cavalo de Aço Empório Gourmet, registrada como G W De O Sousa Filho Restaurante, que fica no posto de combustíveis cujo nome é Cavalo de Aço. Essa empresa está registrada com a razão social Posto Cavalo de Aço Ltda.
As sócias Francisca Alice de Sousa Reis e Michelle Tatianne Ribeiro de Sousa, que assinam o mesmo sobrenome do empresário preso, também foram indiciadas pela CPMI. Elas aparecem também como sócias do Super Posto Pioneiro, em Tucumã, identificado com outro financiador de dinheiro para a compra do armamento, que só não foi usado durante os atos golpistas de 8 de janeiro, por que George Washington foi preso logo após a tentativa de cometimento do ato terrorista.
De acordo com o relatório da Comissão Parlamentar de Inquérito, os cartões de crédito das empresas foram utilizados para a compra de munições. Foram várias compras via cartões e transferências feitas das contas das empresas, das quais George Washington era procurador e responsável pela gestão financeira. A soma dessas transações chega a quase R$ 128 mil reais.
A Comissão apurou ainda que, entre os repasses de recursos, o condenado recebeu R$ 94 mil do Posto Cavalo de Aço e repassou R$ 49 mil para o dono das armas adquiridas e outros R$ 20,5 mil foram transferidos para um policial militar do Pará que não está identificado no relatório.
Na véspera da tentativa de explosão da bomba, em 23 de dezembro do ano passado, há um gasto de R$ 4.300. Já o cartão de do Super Posto Pioneiro financiou R$ 4.182 com o mesmo objetivo.
As apurações feitas pelo DIÁRIO à época mostram que as sócias do filho de George Washington de Oliveira Sousa – Francisca Alice de Sousa Reis e Michelle Tatianne Ribeiro de Sousa – aparecem atreladas em registros societários de várias empresas de combustíveis e de transportes, junto ao nome de Paulo Sergio da Silva Lopes, que se espalham por quase todos os estados da Amazônia Legal.
O DIÁRIO tentou ouvir o advogado do empresário e dos demais nomes desta reportagem, mas não teve retorno.