
Criada por Fernando Meirelles e Cláudio Ângelo, Clima: o Novo Anormal abre ao público paraense no próximo dia 8 de novembro em Belém com experiências imersivas que unem arte e ciência. A mostra ficará aberta na Galeria 3 do Centro Cultural Banco da Amazônia (CCBA) até 8 de fevereiro de 2026.
A exposição Clima: o Novo Anormal chega a Belém em meio aos preparativos da COP 30, conferência do clima da ONU, que será sediada neste mês de novembro na capital paraense. Resultado de uma colaboração entre Brasil e França, a exposição é a versão brasileira da mostra “Urgence Climatique”, originalmente concebida pela Universcience, instituição pública francesa dedicada à divulgação da cultura científica, técnica e industrial, e exibida na Cité desSciences et de l’Industrie, em Paris.
No Brasil, a mostra, que também acaba de estrear em Brasília, tem direção e roteiro de Claudio Angelo e Fernando Meirelles, apoio técnico-científico do Observatório do Clima, Coordenação de produção de Patrícia Galvão. A montagem e exibição em Belém contam com o patrocínio Master do Banco da Amazônia e realização do Centro Cultural Banco da Amazônia. A exposição também conta com patrocínio, via Lei Rouanet, das empresas da Sanofi e da Netshoes.
“Clima: o Novo Anormal” convida os visitantes a repensar a forma de habitar o mundo. “A exposição oferece uma visão geral da crise climática que o planeta enfrenta e convoca as sociedades contemporâneas a iniciar profundas transformações coletivas em favor de um mundo sustentável e com maior justiça social”, disse a gerente de Marketing e Comunicação do Banco da Amazônia, Ruth Helena Lima. “O momento exige a reinvenção da nossa forma de viver, das nossas práticas agrícolas e hábitos alimentares. O conhecimento, bem como os meios de ação, estão todos aí”, assinalou.
Para a coordenadora de produção da exposição, Patrícia Galvão, Belém é hoje uma das cidades mais importantes do planeta quando o assunto é clima. “Trazer essa exposição para cá é reconhecer o protagonismo da Amazônia e a urgência de pensar o futuro a partir deste território”, afirma a coordenadora de produção da mostra. “O público vai vivenciar uma experiência sensorial, crítica e emocional, com dados, imagens e sons que nos fazem ver o que muitas vezes ainda não conseguimos sentir”, convida.
Para o cineasta, Fernando Meirelles, o Novo Anormal não oferece consolo, mas lucidez. “A exposição reflete a missão do Observatório do Clima: apresentar os fatos como eles são. Não há solução mágica, apenas a necessidade de adaptação a uma crise em curso. Se há um caminho para a mudança, ele começa pelo voto: escolher líderes que levem o clima a sério.”, diz Fernando Meirelles.
Um dos roteiristas da exposição, Cláudio Ângelo é ainda mais direto: “Queremos deixar as pessoas com raiva. Nossa escolha foi fazer uma apresentação muito crua da realidade do clima. abordando inclusive os impactos já irreversíveis, para que o público entenda que não existe saída sem uma grande mobilização da sociedade para pressionar os governos, pressão essa que precisa começar na urna, elegendo apenas gente comprometida com o combate à crise”.
A Amazônia no centro do debate global
A versão para Belém apresenta dados específicos da capital paraense e uma leitura sensível da Amazônia como eixo das mudanças climáticas globais. Com conteúdos desenvolvidos em parceria com o Observatório do Clima e outros especialistas, o público acompanha o desmatamento em timelapse do MapBiomas, a preservação do Xingu e os impactos da ocupação humana nos biomas brasileiros.
A mostra inclui depoimentos de cientistas e ambientalistas de referência, como Paulo Artaxo, Tasso Azevedo, André Trigueiro e Jean Jouzel, climatologista francês, um dos principais autores e coordenadores do IPCC, que dialogam com o conteúdo audiovisual exibido em diversos ambientes da exposição.
Com mais de 30 monitores, painéis e dispositivos multimídia, “Clima – O Novo Anormal” convida o público a uma viagem visual pelos dados do planeta. Um globo digital suspenso, alimentado por quatro projetores, exibe o aumento das temperaturas e as mudanças no nível dos oceanos sob diferentes cenários de aquecimento: 1,5°C, 2°C e 3°C. A projeção responde a comandos interativos do visitante, que pode observar como cada grau adicional altera a geografia e as condições de vida no planeta.
As “climate stripes” (faixas climáticas) traduzem graficamente 150 anos de variação de temperatura em diferentes capitais brasileiras, incluindo Belém. O azul que se torna vermelho é o retrato visual do aquecimento global. “É impossível olhar essas cores e não compreender o que está acontecendo”, diz Patrícia. Outro destaque é a mesa interativa dos hábitos alimentares, onde o visitante escolhe pratos e descobre a pegada de carbono de cada tipo de alimento. “Quando a gente fala de clima, também estamos falando de alimentação. A carne vermelha é a grande emissora, enquanto os alimentos da floresta — como o peixe e a castanha — têm impacto ambiental muito menor. A Amazônia oferece alternativas concretas para um futuro sustentável”, explica Patrícia Galvão.

A exposição também reúne filmes e obras audiovisuais, como “Efeito Estufa”, de Fernando Meirelles e Joaquim Castro, e “Amazônia Viva”, do diretor Estêvão Ciavatta, que leva o público a um mergulho sensível pelos igarapés do Tapajós, num registro comovente de resistência da floresta e de seu próprio processo de superação.
Ciência, arte e sustentabilidade
Os núcleos temáticos abordam Efeito Estufa, Combustíveis Fósseis, Uso da Terra, Energias, Pontos de não retorno (Tipping Points), Consumo, Da Crise à Ação, sempre articulando informação e experiência. A seção sobre transição energética mostra a dependência global dos combustíveis fósseis e os desafios para substituí-los por fontes limpas.
Já os Pontos de não retorno alertam para limites críticos, como o degelo do Ártico, o branqueamento dos corais, o permafrost da Antártida e a savanização da Amazônia, situações em que, uma vez atingidas, não há retorno. Toda a cenografia da exposição foi planejada com materiais sustentáveis e de baixo impacto ambiental: quase zero plástico e uso de madeiras reaproveitáveis. Após o encerramento em Belém, parte da estrutura será destinada a instituições socioambientais e educativas, reforçando o compromisso da mostra com a sustentabilidade em todas as etapas do projeto.
A exposição é trilíngue (português, inglês e francês) e conta com ações educativas, visitas mediadas e conteúdos acessíveis, ampliando o diálogo com escolas, universidades e o público em geral. A montagem no Centro Cultural Banco da Amazônia integra a agenda de eventos para a COP 30, reafirmando o papel de Belém como capital simbólica das discussões sobre o clima.
“Clima – O Novo Anormal” convida o visitante a compreender o planeta em transformação, mas também a reconhecer o valor das soluções locais e da sabedoria amazônica para enfrentar os desafios globais.
“Belém oferece ao mundo um olhar singular. Aqui, o clima é vivido, sentido e discutido na prática. A Amazônia é o coração do planeta, e é daqui que precisamos aprender a respirar de novo”, conclui Patrícia Galvão.
SERVIÇO
Exposição: Clima – O Novo Normal
Abertura: 7 de novembro de 2025
Visitação: até 8 de fevereiro de 2026
Local: Centro Cultural Banco da Amazônia – Av. Presidente Vargas n. 800 em Belém (PA)
Roteiro e direção: Claudio Angelo e Fernando Meirelles
Apoio técnico-científico: Observatório do Clima
Instituição parceira: Universcience (França)
Patrocínio: Sanofi e Netshoes | Lei Federal de Incentivo à Cultura
Patrocínio Master: Banco da Amazônia Realização: Centro Cultural Banco da Amazônia Apoio: Embaixada da França no Brasil
Instagram: @expoclimaonovoanormalbr