Durante a visita, Lula conversou com agricultores e extrativistas sobre os impactos da mudança do clima. Fotos e vídeos: Carol Menezes
Durante a visita, Lula conversou com agricultores e extrativistas sobre os impactos da mudança do clima. Fotos e vídeos: Carol Menezes

Depois de visitar o Quilombo Itacoã-Miri, no município de Acará, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) seguiu nesta segunda-feira, 3, para o Assentamento Agroextrativista Ilha Grande, localizado na região insular de Belém. O local, criado em 2006, abriga 178 famílias em uma área de 922 hectares às margens do rio Guarapiranga, com economia baseada na produção de açaí, cacau e no turismo comunitário.

Durante a visita, Lula conversou com agricultores e extrativistas sobre os impactos da mudança do clima e a necessidade de fortalecer políticas públicas de crédito, infraestrutura e regularização fundiária.

“Tentaram me demover da ideia de vir às ilhas por causa da logística, mas mandei desfazer outras agendas porque queria vir aqui. Foi para isso que vim, para ver vocês. A gente fala muito sobre promover ajuda às comunidades e criar políticas públicas, mas às vezes elas não chegam. E, muitas vezes, as pessoas não acessam porque não sabem como acessar, e é isso que a gente veio conversar sobre”, afirmou o presidente.

Lula também fez um alerta sobre os efeitos da crise climática global, ressaltando a importância da COP30 para mostrar ao mundo a realidade amazônica. “Olha o clima, o mundo está ficando virado. Onde chovia muito agora chove pouco, e onde chovia pouco, chove muito. Passei no Tapajós e me espantei com o nível baixo do rio. A mudança do clima é uma coisa real, porque o ser humano é o único ser capaz de destruir o lugar onde vive. Por isso essa COP aqui, na Amazônia, para alguns presidentes que não acreditam em mudança climática verem a realidade”, disse.

Valorização das Comunidades Tradicionais

Defensor da valorização das comunidades tradicionais e da permanência das famílias no campo, Lula voltou a defender a legalização de mais terras indígenas e quilombolas, reforçando o princípio da dignidade no território. “Vocês não têm que morar aqui por falta de opção, mas sim por gostar de morar aqui. Aqui é bom de morar, de criar filhos. Eu moro em Brasília, já morei em São Paulo, e digo pra vocês: aqui é muito melhor. Quem me dera morar diante de um rio desses, frondoso”, declarou.

Durante a visita, o presidente conheceu um robô desenvolvido para colher o açaí no alto das palmeiras, tecnologia criada para aumentar a produtividade e reduzir riscos aos extrativistas. “Ali vi que é possível produzir e cuidar da floresta ao mesmo tempo. Conheci um robô que sobe até o topo das árvores para colher o açaí, trazendo mais segurança e aumentando a produção. Um dia que mostrou que desenvolvimento e preservação podem caminhar juntos”, ressaltou Lula.

Apoio do MDA ao Assentamento

O assentamento é beneficiário de programas do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), por meio do Incra, que liberou em outubro R$ 952 mil em recursos das linhas Fomento Mulher e Apoio Inicial, voltadas ao fortalecimento produtivo e social das famílias assentadas.

Editado por Fábio Nóvoa