SAÚDE DA PELE

Mutirão na Uepa realiza diagnóstico gratuito de hanseníase e alerta para prevenção

Na manhã desta sexta-feira (18), o Centro de Ciências Biológicas e da Saúde (CCBS) da Universidade do Estado do Pará (Uepa)

 Diagnóstico e tratamento da Hanseníase. Foto: Irene Almeida/Diário do Pará.
Diagnóstico e tratamento da Hanseníase. Foto: Irene Almeida/Diário do Pará.

Na manhã desta sexta-feira (18), o Centro de Ciências Biológicas e da Saúde (CCBS) da Universidade do Estado do Pará (Uepa), localizado na travessa Perebebuí, em Belém, reuniu centenas de pessoas em busca de diagnóstico precoce da hanseníase durante o mutirão assistencial de atendimento dermatológico gratuito. A ação, que integra uma campanha internacional pelo Dia Mundial da Saúde da Pele, do dia 8 de julho, amplia o acesso ao tratamento e combate o estigma em torno da doença.

O Pará ocupa o topo do ranking da doença. Centro de dermatologia da Uepa, como faz para conseguir atendimento; estigmas que o paciente e família ainda carrega, e reforçar que tem cura e sem tratamento a doença pode deixar sequelas graves. Foto: Irene Almeida/Diário do Pará.

A mobilização, promovida pela International League of Dermatological Societies (ILDS) e a International Society of Dermatology (ISD), contou com a parceria da Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), da Secretaria Municipal de Saúde (Sesma) e da Uepa. Segundo Regina Carneiro, coordenadora do Serviço de Referência Especializado em Dermatologia da Uepa e secretária-geral da SBD, a procura pelo atendimento superou as expectativas.

“A gente tem uma perspectiva de 300 pessoas. Já estamos com 200 fichas distribuídas e ainda nem são 9 horas”, disse. Durante o mutirão, casos suspeitos de hanseníase passam por testes rápidos, recebem a primeira dose da medicação e são encaminhados para continuidade do tratamento na rede pública. O tratamento é ofertado gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e pode ser feito em casa, com acompanhamento ambulatorial.

Regina também reforça a gravidade da situação no Pará. “O Brasil é o segundo país que mais tem casos. Aqui no Estado, tivemos quase 1.500 registros no ano passado. E ainda existe muito subdiagnóstico. O primeiro paciente atendido hoje estava há quatro anos com lesões na pele sem diagnóstico. Por isso é essencial que, ao notar qualquer mancha, a pessoa procure atendimento médico. Não tenha medo da doença. A hanseníase tem cura. Com 12 meses de medicação você fica curado, sem nenhuma sequela”, detalhou.

Silvia Kelly, 47, trabalha com Serviços Gerais. Diagnóstico e tratamento da Hanseníase. Foto: Irene Almeida/Diário do Pará.

Manchas esbranquiçadas ou avermelhadas na pele, dormência ou formigamento nos braços e pernas podem ser mais do que apenas sintomas passageiros. Esses sinais, muitas vezes ignorados, podem indicar que há hanseníase – também conhecida como lepra; é uma doença infecciosa crônica causada pela bactéria Mycobacterium leprae.

Moradora do bairro Jaderlândia, em Ananindeua, Silvia Kelly, de 47 anos, aproveitou a ação depois de ver a divulgação nas redes sociais. “Como eu já tinha uma manchinha no braço, fui à dermatologista particular, que suspeitou de hanseníase. Mas o tratamento é caro. Aí vi esse movimento e vim. Fui atendida muito bem, a médica fez todos os testes e confirmou o diagnóstico. Já iniciei o tratamento aqui e vou continuar no posto de saúde perto da minha casa. O que recebi aqui foi muito tranquilo”, contou. Silvia também destacou a preocupação precoce: “acho que quando a pessoa desconfia, é melhor procurar logo. Quanto antes, melhor”.

Outra paciente que buscou atendimento foi a aposentada Maria do Nascimento, de 66 anos, moradora do bairro da Cremação. Ela contou que já apresentava manchas desde os 40 anos, mas nunca procurou ajuda médica. “Não sinto dor, não coça, mas quis tirar a dúvida. A médica falou que pode ser mancha de sol, porque eu pegava muito sol. Mesmo assim, achei importante vir”. Felizmente, Maria testou negativo para a doença.

TRATAMENTO

Apesar de curável, a hanseníase ainda carrega forte estigma social. Muitos pacientes demoram a buscar ajuda por medo ou desinformação. Regina explica que, sem tratamento, a doença pode provocar danos permanentes. “Se não tratada, a hanseníase pode causar atrofias nas mãos e nos pés, dificuldades visuais e outras complicações. A gente precisa quebrar esse medo. O tratamento é gratuito e, quando feito corretamente, garante a cura”, enfatizou.

O tratamento é via oral, constituído pela associação de até três medicamentos e é denominado poliquimioterapia. O esquema terapêutico deve ser usado por um período de 6 meses para casos menos graves, e pode durar até 12 meses –  considerada multibacilar, quando, geralmente, a pessoa apresenta mais de 5 manchas.

A Uepa segue como referência no atendimento dermatológico especializado. Carneiro explica que o serviço funciona via regulação do Estado: o paciente deve procurar uma unidade básica de saúde e, caso o médico identifique necessidade de atendimento especializado, ele será encaminhado à unidade da Uepa. Todos os casos de hanseníase identificados durante o mutirão desta sexta-feira serão notificados às autoridades sanitárias.